Marielle Franco foi brutalmente assassinada em 14 de março de 2018
Guilherme Cunha/Alerj
Marielle Franco foi brutalmente assassinada em 14 de março de 2018

A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio cumprem, na manhã desta quinta-feira, quatro mandados de prisão contra alvos ligados ao sargento reformado da PM Ronnie Lessa, que é apontado como assassino da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes e está preso na Penitenciária Federal de Porto Velho.

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Um dos alvos da operação "Submersus" é a própria mulher de Lessa, Elaine de Figueiredo Lessa, e o irmão dela, Bruno Figueiredo, além de dois supostos cúmplices do policial. Por determinação do juízo da 19ª Vara Criminal da Capital, também foram expedidos 20 mandados de busca e apreensão, um deles contra um suspeito de integrar o Escritório do Crime, grupo de matadores de aluguel que teria como principais clientes contraventores cariocas.

A Delegacia de Homicídios da Capital ( DH ) e o  Gaeco  (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) acreditam que Elaine foi quem comandou a ação de dar sumiço às armas do marido para apagar qualquer tipo de prova que pudesse incriminá-lo. Acredita-se que uma submetralhadora HK-MP5, que teria sido usada na execução da parlamentar, tenha sido jogada no mar da Barra da Tijuca, próximo às Ilhas Tijucas.

A mulher de Lessa teria escolhido pessoas da confiança de Lessa e dela própria para a empreitada criminosa. Um dos que ajudaram a eliminar provas, de acordo com as investigações, foi o irmão dela, Bruno Figueiredo. Além dele, também participaram Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca, e José Márcio Mantovano, o Márcio Gordo.

A primeira providência de Elaine teria sido mandar o irmão e Mantovano buscar uma caixa no apartamento que Lessa usava no condomínio da sogra, no Pechincha, em Jacarepaguá. Nela, estariam escondidas armas . O material teria sido levado por um pescador para ser lançado no mar. Antes de os dois chegarem ao imóvel, um outro grupo já tinha tentado recuperar o armamento, mas não teve sucesso porque foi impedido pelo síndico do prédio, que exigiu a apresentação de mandados de busca e apreensão.

A tentativa, segundo os investigadores, foi feita por um policial e três integrantes do Escritório do Crime , com camisetas da Polícia Civil, que estiveram no mesmo endereço na madrugada do dia 13 de março deste ano. Eles usavam um Fiat Palio com placa clonada.

Um dos homens que estavam no Palio, de acordo com a polícia, era Leonardo Gouvea da Silva, o Mad, do grupo de matadores de aluguel comandado pelo ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Adriano Magalhães da Nóbrega. O ex-militar tem mandado de prisão pela Operação Intocáveis, do Gaeco, acusado de ser chefe da milícia de Rio das Pedras. Ele se encontra foragido da Justiça. Na lógica do inquérito, o objetivo do bando, ao ir ao apartamento de Jacarepaguá, era se aproveitar do fato de Lessa ter sido detido para aplicar-lhe um golpe.

No mesmo dia 13, à tarde, Mantovano, com a ajuda de Bruno, teria sido filmado por câmeras de segurança do condomínio levando a caixa. No dia seguinte, Mantovano e Josinaldo se encontraram no condomínio da Barra da Tijuca, onde Lessa morava. Eles teriam contratado um táxi que os seguiu até o estacionamento de um supermercado da Barra. Lá, várias malas e caixas de papelão, retiradas do apartamento de Jacarepaguá, foram transferidas para o táxi.

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Uma denúncia chegou chegou à polícia informando que um táxi deixou Josinaldo, com o material, no Quebra-Mar. Com a desculpa de que praticava pesca submarina, ele alugou um barco para se livrar do armamento em alto-mar. O pescador teria percebido que havia armas nas caixas porque uma delas, molhada, ficou sem o fundo. Montavano e Josinaldo foram reconhecidos por testemunhas em depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital. A Marinha chegou a fazer buscas no mar das Ilhas Tijucas, a pedido do Gaeco e da DH, mas nada foi encontrado.

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