Depois de quase 50 anos, a Justiça emitiu as certidões de óbito do estudante Stuart Angel e de sua mãe, a estilista Zuzu Angel, com a informação de que foram mortos pela ditadura militar.

Zuzu Angel
Divulgação/Instituto Zuzu Angel

Zuzu Angel morreu vítima da ditadura militar no Brasil

O documentos foram entregues na sexta-feira (6) à jornalista e colunista social Hildegard Angel – filha de Zuzu e irmã de Stuart.

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As certidões afirmam que ambos foram vítimas de “morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada a população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985”.

Stuart Angel Jones era remador do Clube de Regatas Flamengo, estudava economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e militava no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que combatia a ditadura. Ele tinha 25 anos quando, em 14 de junho de 1971, foi preso, torturado e morto no Centro de Informações da Aeronáutica, no Rio.

A morte de Stuart não foi comunicada oficialmente pelo regime e ele se tornou um dos mais de 400 desaparecidos políticos da ditadura . Sua mãe, a estilista Zuleika Angel Jones (Zuzu), passou cinco anos denunciando o sequestro e procurando pelo filho, até também ser morta pela ditadura em 14 de abril de 1976, num acidente de carro na saída do antigo túnel Dois Irmãos, que hoje leva seu nome.

Testemunhas do acidente disseram à Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos que o Karmann Ghia dirigido por Zuzu foi fechado por outro carro, fazendo com que despencasse de uma ribanceira. Posteriormente, Cláudio Antônio Guerra, ex-agente da repressão, relatou a participação dos militares neste e em outros assassinatos no livro “Memórias de uma guerra suja”.

As declarações oficiais com as condições da morte de Zuzu e Stuart foram emitidas pela procuradora Eugênia Gonzaga, quando presidia a Comissão Especial. Ela foi afastada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) no mês passado, sob alegação de que “agora o governo é de direita”.

“Foi com Eugênia que a coisa realmente andou. É irônico que o processo tenha terminado nesse governo”, disse Hildegard à jornalista Mônica Bergamo.

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