Um relatório interno da Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas de quatro dias antes do massacre que deixou 55 mortos em Manaus já apontava evidências para o início de uma guerra interna na facção criminosa criada no estado e citava risco de mortes. O documento foi revelado pela GloboNews .
O relatório diz que um “evento de grande vulto” estaria marcado para os próximos dias nas unidades prisionais de Manaus . O departamento de inteligência estimou que entre 15 e 20 presos estariam marcados para morrer.
“Estes sinistros desencadeariam em confrontos com mortes, não sendo possível definir o número de preciso de alvos da ação, porém conforme análise do cenário das lideranças, estima-se um número médio de 15 a 20 internos marcados para morrer", conclui o texto.
O documento cita uma disputa entre dois chefes do grupo criminoso. Um deles estaria descontente com “os caminhos que o grupo estaria trilhando” e com a “perda de poder” da fação nos presídios do estado. O relatório de inteligência afirma ainda que há evidências da criação de uma nova facção no Amazonas.
Superlotação cresceu
Dois anos após viver uma crise marcada por massacres e pela disputa entre facções criminosas, o sistema prisional do Amazonas tem situação ainda pior se comparada a de 2017. A superlotação nos presídios do estado é 76% maior que a registrada em janeiro daquele ano, quando 56 presos foram mortos também no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tabulados pelo Globo .
O estado tem déficit de 1.995 vagas hoje. Há pouco mais de dois anos, o saldo negativo era de 1.133 postos. Nesse período, o Amazonas ampliou em 61% o total de vagas disponíveis em suas unidades prisionais, mas sua população carcerária cresceu em ritmo maior, de 3,2 mil para 5,3 mil detentos (65%). A maior parte dela continua a ser formada por presos provisórios, que ainda aguardam julgamento.
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Os quatro presídios onde houve mortes esta semana em Manaus estão superlotados. A situação é pior no Centro de Detenção Provisória de Manaus I e no Compaj, que operam com o dobro da capacidade.