Um dos poucos políticos brasileiros que dialoga com integrantes do governo daVenezuela , o senador Telmário Mota (PROS-RR) afirma que a reabertura da fronteira com o Brasil foi uma promessa feita pelo próprio presidente Nicolás Maduro a ele há algumas semanas, quando esteve em Caracas. Enquanto o trânsito entre cidadãos dos dois países esteve fechado, o ingresso de imigrantes acontecia por vias clandestinas.
"Recebi com satisfação essa informação oficial, que foi uma promessa do presidente Maduro ao Brasil quando estive com ele (no dia 15 de abril) e também foi fruto da nossa reunião de trabalho, em Santa Elena (em 25 de abril)", diz Telmário, que estava em Roraima quando recebeu a notícia da reabertura, anunciada nesta sexta-feira por Caracas.
"A fronteira aberta significa que retomaremos o controle migratório, que estava sendo realizado de maneira clandestina, sem a fiscalização sanitária e de segurança necessárias, colocando em risco a população de Roraima", lembrou o parlamentar.
Telmário é membro da Comissão Mista do Mercosul no Congresso Nacional e presidente da subcomissão temporária que avalia a crise na Venezuela, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. Ele defende que a atual crise seja resolvida pelos próprios venezuelanos.
"Vejo (a reabertura da fronteira) como um primeiro e importante passo para restabelecermos também as nossas relações diplomáticas, comerciais, culturais e sociais, e principalmente a paz, que o Brasil sempre buscou com seus países vizinho", ressalta. "Aguardo para que a decisão soberana do povo da Venezuela escolha o melhor caminho para que a sociedade venezuelana encontre a paz, o desenvolvimento e a esperança por dias melhores."
Brasil desconhece reabertura
Apesar da comemoração, o governo brasileiro não foi comunicado oficialmente sobre a medida. Em resposta ao GLOBO , o Itamaraty informou não ter recebido qualquer comunicação nesse sentido e, até o momento, "não tem conhecimento dessa alegada reabertura da fronteira".
As relações entre Brasil e Venezuela estão estremecidas desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em agosto de 2016. Nicolás Maduro nunca reconheceu Michel Temer como presidente, o que irritou o governo brasileiro. Em dezembro de 2017, Maduro declarou o embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, persona non grata.
Com a vitória do presidente Jair Bolsonaro na eleição do ano passado, as relações pioraram ainda mais. O governo brasileiro não reconheceu a reeleição de Maduro e, junto com os Estados Unidos e outros quase 50 países, passou a apoiar o líder opositor Juan Guaidó, que em janeiro se autoproclamou presidente interino da Venezuela.