Mensagens identificadas pela Polícia Civil em aparelhos usados pelo adolescente de 17 anos suspeito de ter ajudado a planejar o massacre que matou oito vítimas na semana passada, em Suzano (SP), detalham que a ideia dos assassinos era de causar ainda mais mortes. O jovem foi apreendido nesta terça-feira (19) e será encaminhado para a Fundação Casa, onde permanecerá por, pelo menos 45 dias.
O processo está sob sigilo e os detalhes sobre o pedido de apreensão do jovem , autorizado pelo juízo da 1ª Vara Criminal de Suzano , devem ser apresentados ainda nesta terça em coletiva da Polícia Civil com o Ministério Público de São Paulo. As primeiras informações das investigações, no entanto, já foram antecipadas em reportagens do UOL e R7 .
Segundo os portais, os investigadores identificaram mensagens de outubro do ano passado nas quais o adolescente mencionava o intuito de usar granadas e de realizar estupros durante o atentado, que deveria matar "pelo menos uns 15".
O jovem disse, pelo WhatsApp, que a "estratégia para fazer um atentado" na escola Professor Raul Brasil
se baseava em "alguns jogos" e que ele próprio pretendia participar do ataque – que acabou efetuado somente por Guilherme Taucci, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. Os dois se mataram após o atentado.
"A gente ia entrar na segunda aula, mas antes os nóias [sic] que ficassem ao redor da escola a gente ia executar e jogar lá pra trás da escola [sic]", disse o adolescente a um interlocutor que ainda não foi identificado. "Iríamos entrar como se nada tivesse acontecido e esperar até o intervalo. Eu e o Taucci iríamos um pra cada lado, com facas, e ia executar os namorados primeiro", complementou o jovem, conforme reproduziu o R7 .
Em entrevista concedida na semana passada, o adolescente apresentou versão diferente
sobre seu suposto envolvimento com o plano para o ataque. Na ocasião, ele detalhou sua relação com Guilherme Taucci
e disse que ele era obcecado pelo massacre de Columbine, que deixou 13 mortos, há 20 anos, nos Estados Unidos.
"Ele sempre falava: 'Imagina se alguém invadisse a escola? Como você ia fazer?' Aí eu respondia, mas eu não sabia que ele ia fazer uma coisa dessas. Eu mesmo sou obcecado por armas, mas não tenho nenhuma arma e nem sairia atirando numa multidão", disse o jovem em depoimento aos jornalistas Rafael Bruza e Bruna Pannunzio.
Imediatamente após o massacre que vitimou cinco estudantes, duas funcionárias da escola e um comerciante (tio de Guilherme), o terceiro suspeito enviou mensagem para comentar com um amigo: "igual os meus planos, era bem na hora do intervalo". E complementa: "mano, foi o Taucci, um atirador tinha um machado, que a gente foi comprar".
Depois, o jovem enviou mensagem ao próprio Guilherme. "Teve um tiroteio dentro da escola. Mano, dois adolescentes e eles se mataram. Taucci, um dos atiradores tinha um machado igual o seu".
O advogado que representa o terceiro suspeito pelo ataque à escola de Suzano , Marcelo Feller, negou que o jovem tenha envolvimento com os crimes da semana passada.