Foram presos, na madrugada desta terça-feira (12), em uma operação conjunta do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro, dois suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco (Psol) e o motorista Anderson Gomes. O assassinato, que aconteceu no dia 14 de março de 2018, completa um ano na próxima quinta-feira.
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Os dois homens presos possuem ligação com a Polícia Militar. Ronie Lessa é policial militar reformado Élcio Vieira de Queiroz foi expulso da corporação. De acordo com o Ministério Público, os dois foram denunciados depois de análises de diversas provas sobre a morte de Marielle Franco .
Ambos prestaram depoimento ainda nesta terça-feira e negaram qualquer envolvimento com o crime. “O Elcio não estava nem nesse dia. Eu tenho certeza de que não tem foto dele no carro e muito menos gravação dele nesse dia lá. E tenho certeza de que a vítima que sobreviveu não vai reconhecer o meu cliente”, disse Luís Carlos Azenha, advogado do ex-policial militar.
O advogado de Lessa, Fernando Santana, disse que só conversou com seu cliente rapidamente depois da prisão e que ele nega a participação no crime. “Ele nega de forma veemente que tenha feito qualquer tipo de assassinato. Ainda vou ter acesso ao inquérito, não tive oportunidade de ter. Primeiro estava em segredo de justiça, agora que nos peticionamos, eu e minha equipe, pra poder ter ideia de como chegou à prisão do Ronie Lessa”.
Lessa teria sido o autor dos disparos de arma de fogo e Élcio, o condutor do veículo usado na execução. De acordo com o jornal O Globo , temido pelos colegas, mesmo depois de aposentar a farda, e exímio atirador, Ronnie Lessa foi vítima de uma tocaia em 28 de abril, um mês depois da morte de Marielle. Há a suspeita de que alguém tentou matá-lo como queima de arquivo.
De acordo com o MP, o crime contra a vereadora e seu motorista foi planejado nos três meses que antecederam os assassinatos. Além disso, hoje, Ronie Lessa e Élcio de Queiroz deixavam suas casas simultaneamente as 4h30 da manhã. Por causa disso, a operação foi antecipada e eles presos. Algumas fontes na Polícia Civil acreditam que eles saiam de casa todos os dias esse horário pra não serem presos.
Além dos mandados de prisão, a chamada Operação Lume cumpre mandados de busca e apreensão em endereços dos dois acusados, para apreender documentos, telefones celulares, computadores, armas e acessórios. Lessa mora exatamente no mesmo condomínio em que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), tem uma casa, na Barra da Tijuca.
Também na denúncia apresentada à Justiça, o MP também pediu a suspensão da remuneração e do porte de arma de fogo de Lessa, a indenização por danos morais aos familiares das vítimas e a fixação de pensão em favor do filho menor de Anderson até completar 24 anos de idade.
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Segundo o MP, o nome da operação é uma referência a uma praça no Centro do Rio, conhecida como Buraco do Lume, onde Marielle desenvolvia um projeto chamado Lume Feminista. No local, ela também costumava se reunir com outros defensores dos direitos humanos e integrantes do seu partido, o Psol. “Além de significar qualquer tipo de luz ou claridade, a palavra lume compõe a expressão 'trazer a lume', que significa trazer ao conhecimento público, vir à luz”, informa a nota.
Quem são os dois PMs presos pela morte de Marielle Franco?
De acordo com os arquivos da Polícia Militar, Ronnie Lessa foi aposentado depois de um atentado a bomba contra ele, que resultou na amputação de uma de suas pernas e que teria sido provocado por uma briga entre facções criminosas.
Já Élcio Queiroz chegou a ser preso em 2011 na Operação Guilhotina, da Polícia Federal, que apurou o envolvimento de policiais militares com traficantes de drogas e com grupos milicianos. Na época, Queiroz era lotado no Batalhão de Olaria (16º BPM).
Antes de apresentar os primeiros denunciados pelo crime, a polícia suspeitava que o crime havia sido planejado por Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, que teria envolvimento com milícias e que está preso desde outubro de 2017.
No entanto, o próprio Curicica denunciou à Procuradoria-Geral da República que ele estava sendo coagido pela Polícia Civil a assumir a autoria do crime. Por isso, em outubro, a Polícia Federal entrou no caso, para apurar a atuação da Polícia Civil.
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O crime contra Marielle Franco e Anderson Gomes ocorreu a pouco mais de um quilômetro da casa da vereadora. Um carro emparelhou com o chevrolet Agile da vereadora e vários tiros foram disparados contra o banco de trás, justamente onde estava Marielle. Treze disparos atingiram o carro. Quatro tiros atingiram a cabeça da parlamentar.
* Com informações da Agência Brasil.