Um homem foi preso em flagrante após terem sido encontradas em sua casa caixas com grande quantidade de armamento, incluindo peças para montar 117 fuzis do tipo M-16. A casa de Alexandre Motta foi um dos locais onde a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Lume, parte da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, há quase um ano no centro do Rio.
O advogado Leonardo da Luz, responsável pela defesa de Alexandre, disse que este não sabia o que havia dentro das caixas, que teriam sido mantidas lacradas. "Ele é amigo do [Ronnie] Lessa há anos e apenas lhe fez o favor de armazenar essa encomenda em seu apartamento. Ele não sabia do que se tratava. E foi uma surpresa para ele ver o que se encontrava dentro das caixas. Ele não tem nada a ver com esse episódio lamentável envolvendo a vereadora [Marielle Franco]."
O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, que foi expulso da corporação, foram presos preventivamente na Operação Lume. Eles foram apontados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) como participantes do assassinato de Marielle e Anderson. Lessa foi acusado de ser autor dos disparos e Élcio, de conduzir o veículo de onde partiram os tiros que atingiram a vereadora e o motorista.
A operação em que Lessa e Élcio foram presos ocorreu dois dias antes de o crime completar um ano. Além dos dois mandados de prisão, foram cumpridas 32 ordens de busca e apreensão, uma das quais no imóvel de Alexandre, na zona norte do Rio. "Ele me abraçou e chorou. Está impressionado e não sabe o que está fazendo aqui. De repente, ele está se vendo no meio dessa turbulência", disse o advogado.
Segundo Leonardo da Luz, Alexandre confiava em Lessa devido à relação de amizade entre ambos. "O Alexandre cuida do irmão dele [Lessa]. No caso, Alexandre tem a guarda do irmão dele, que tem uma deficiência mental infantil. Inclusive é pensionista do Estado", acrescentou .
Como a prisão foi em flagrante, Alexandre deve ser ouvido em 24 horas em uma audiência de custódia, onde o juiz avaliará se há necessidade de mantê-lo detido. A defesa vai pedir sua soltura, alegando que ele não tem antecedentes criminais, tem residência fixa e está trabalhando.
No caso de Lessa e Élcio, ainda não há informação sobre uma possível transferência para alguma unidade penitenciária. Segundo a defesa dos dois, eles dormem nesta terça-feira na Delegacia de Homicídios. De acordo com os advogados, o delegado deverá colher os depoimentos amanhã (13).
Os advogados negam que os clientes tenham se recusado a falar e afirmam que ainda não tiveram acesso à denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro e ao registro de ocorrência das prisões.
Além das peças para montagem de 117 fuzis, com exceção dos canos, os agentes da Delegacia de Homicídios da Capital apreenderam 500 munições e três silenciadores, além de R$112 mil em dinheiro.
A Secretaria de Estado da Polícia Civil informou ainda que foram encontrados R$ 50 mil na casa dos pais do policial reformado Ronnie Lessa e R$ 62 mil dentro do carro dele.
A Polícia Civil informou ainda que as apreensões fazem parte da Operação Lume, que cumpriu dois mandados de prisão contra o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, expulso da corporação; e 34 de busca e apreensão, resultado das investigações que apura a morte da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.