Davi Amâncio, segurança que matou o jovem Pedro Henrique Gonzaga em um supermercado do Rio de Janeiro, já foi condenado por agredir uma ex-companheira. Amâncio cumpre pena de três meses em regime aberto e, devido à condenação, não poderia estar trabalhando como vigilante.
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Ele fez o curso de vigilante em maio de 2017 e foi contratado pela empresa Groupe Protection, que presta serviços para o supermercado , em dezembro do mesmo ano. A condenação por agressão saiu dias depois da contratação.
Segundo relato da ex-companheira, ele a agrediu com vários socos no rosto após uma discussão motivada por ciúmes. Ela diz que a violência aconteceu na frente dos seus filhos.
A Groupe Protection afirma que a checagem da ficha criminal é uma responsabilidade da Polícia Federal. "Quem tem a atribuição legal de normatizar todo o processo de formação e posteriormente manter a reciclagem desses indivíduos e monitorar se ele está habilitado ou não, apto ou não, é de atribuição da Polícia Federal", disse André França, advogado da empresa.
De acordo com a Polícia Federal, a documentação de Davi seria revista no curso de reciclagem previsto para maio de 2019. A PF afirma que não tinha como saber que algum vigilante foi condenado neste intervalo.
Amâncio foi afastado pelo período da investigação, mas permanece na empresa. Ele foi preso em flagrante, mas solto depois de pagar fiança de R$ 10 mil. O segurança vai responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, em liberdade.
Relembre o caso do supermercado
Na última quinta-feira (14), o jovem Pedro Henrique Gonzaga foi assassinado pelo segurança no supermercado Extra da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O segurança deu um golpe e imobilizou Pedro, que morreu sufocado. A mãe da vítima estava no supermercado e viu a cena.
Davi Amâncio afirmou em depoimento à polícia que o jovem estava nervoso e teria tentado retirar sua arma enquanto ameaçava “matar todos no local”. Os advogados do segurança alegam legítima defesa.
O supermercado Extra afirmou "que não aceita qualquer ato de violência, excessos e repudia toda forma de racismo". O mercado diz que não vai se eximir da responsabilidade e que os seguranças envolvidos foram afastados. "a companhia instaurou uma sindicância interna e acompanha junto à empresa de segurança e aos órgãos competentes o andamento das investigações".
Pedro Henrique Gonzaga, que tinha 25 anos, foi enterrado no sábado (16) no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste do Rio. A mãe do jovem não foi ao enterro e nenhum familiar quis falar com a imprensa.
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Neste domingo (17), manifestantes no Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco se reuniram em frente ao supermercado Extra para atos em repúdio a morte de Pedro Henrique.