Subiu a 65 o número de mortos em razão do rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG), ocorrido na última sexta-feira (28) . O novo balanço foi divulgado no início da noite desta segunda-feira (28) pelas autoridades envolvidas nos trabalhos de buscas na região. Ainda há 279 pessoas desaparecidas e ninguém foi encontrado com vida ao longo desta segunda, que foi o quarto dia seguido de operações da força-tarefa do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, equipes da própria Vale e voluntários.
Desde que os trabalhos de resgate tiveram início, 386 vítimas foram localizadas e 192 pessoas, resgatadas com vida – a última delas, na manhã de sábado. Dentre os 65 corpos já retirados da lama que tomou Brumadinho , 31 foram identificados pelo Instituto Médico Legal (IML), conforme informou o coordenador da Defesa Civil de Minas Gerais, Tenente Coronel Flávio Godinho.
A mineradora Vale , responsável pela barragem que armazenava rejeitos da mina do Córrego do Feijão, anunciou nesta segunda-feira que fará doação de R$ 100 mil às famílias de cada uma das vítimas da tragédia – que, em termos humanos, já é quase quatro vezes maior que a de Mariana (MG), ocorrida no fim de 2015 e que deixou 19 mortos.
O quarto dia de buscas no município de Brumadinho teve como focos principais duas localidades atingidas: o antigo refeitório de funcionários da Vale e um ônibus soterrado localizado durante o fim de semana.
Dois corpos já foram retirados do ônibus e a operação no local deve ser encerrada às 22h, por conta da baixa luminosidade, e retomada já às 4h desta terça-feira (29). De acordo com o tenente-coronel Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o número de vítimas deve aumentar ao longo desta terça, conforme as equipes avançam nas buscas.
Aihara não descartou a possibilidade de que as equipes voltem a encontrar pessoas vivas, mas ressaltou que isso é cada vez mais improvável. "Nós compreendemos a angústia dos parentes. Mas cabe a nós trabalhar com esperança. Evidentemente, isso é um pouco difícil de acontecer", declarou.
O bombeiro exaltou a colaboração da equipe de especialistas enviada por Israel , que já começou a atuar em conjunto com a força-tarefa brasileira nesta segunda-feira. Aihara explicou que os radares e demais equipamentos trazidos pelos israelenses ainda não foram utilizados por conta das particularidades do terreno enlameado, mas mostrou-se otimista quanto à sua serventia.
"Os equipamentos oferecem sim recursos necessários, mas é necessário algumas adaptações porque eles são usados em uma topografia diferente, sólida. Aqui, eles ainda não foram utilizados porque ainda estamos estudando como a gente vai fazer isso. A cooperação com Israel tem sido extremamente efetiva. Todo esse aparato tecnológico, provavelmente será muito benéfico", disse.
O porta-voz dos bombeiros reclamou de ações de alas da sociedade civil que atrasaram os trabalhos das equipes de resgate ao longo do dia. Segundo Aihara, os bombeiros foram atrapalhados em mais de uma ocasião por conta de drones que sobrevoaram a região atingida pela lama e obrigaram helicópteros a fazerem manobras de emergência.
A corporação também foi prejudicada pela circulação de notícias falsas sobre a suposta localização de sobreviventes e também por conta de um voluntário que, sem autorização, adentrou área de risco e acabou se ferindo – o que mobilizou bombeiros para resgatá-lo de lá.
Enquanto as buscas por vítimas em Brumadinho segue, as autoridades mineiras também continuam realizando bombeamento para esvaziar a barragem de rejeitos que provocou a tragédia. De acordo com Aihara, a previsão é de que esse trabalho seha concluído num prazo entre 10 e 15 dias.
Em comunicado oficial, a Vale informou que sirenes foram acionadas no domingo depois que um aumento dos níveis de água na barragem VI foi identificado. Equipes de resgate trabalharam durante toda a manhã para retirar a população das áreas de risco e levá-las para pontos altos da cidade. No início do dia, 24 mil pessoas precisavam ser evacuadas, nos bairros de Parque da Cachoeira, Pires, Ipiranga, Centro, São Conrado, Santo Antônio e Coab.
Peritos especializados da Polícia Federal chegaram a Minas Gerais para auxiliar no reconhecimento das vítimas. Pelo mesmo motivo, a Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou uma medida cautelar de urgência para que empresas de telefonia forneçam a relação de assinantes de celulares que estavam conectados nas imediações da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho .