Três barragens da mineradora Vale se romperam na cidade de Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, na tarde desta sexta-feira (25). Até agora, a tragédia contabilizou nove mortos e cerca de 300 pessoas desaparecidas.
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Por conta dos rompimentos das barragens , que aconteceram na Mina Feijão, moradores da parte mais baixa da cidade foram retirados de suas casas pelas autoridades. A área já foi completamente evacuada, de acordo com a Defesa Civil. O governo de Minas Gerais confirmou nove mortos após o acidente, mas não revelou as identidades das vítimas.
A prefeitura local emitiu um comunicado pedindo para que os moradores não se aproximem das margens do Rio Paraopeba, que está subindo de nível por conta dos rejeitos.
O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil trabalham no local. Quase 100 bombeiros e seis aeronaves estão mobilizadas nas operações de resgate. A equipe será reforçada durante a madrugada. De acordo com o Corpo de Bombeiros, cerca de 189 pessoas ilhadas já foram salvas pelos helicópteros. As pessoas desabrigadas estão alojadas em escolas da região.
A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que as vítimas serão encaminhadas para o Hospital João XXIII, no centro de Belo Horizonte. Até o último boletim divulgado pelo hospital, sete feridos chegaram ao local. O estado de saúde das duas vítimas é estável. Não há informações sobre as outras.
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, se pronunciou sobre o acontecido: "Nossa prioridade agora é ajudar as vítimas", disse. De acordo com o executivo, não se sabe a causa do rompimento das barragens.
Segundo testemunhas, a maioria dos funcionários estava em um refeitório que fica diretamente acima do local onde a barragem se rompeu. A Vale informou que 427 pessoas estavam trabalhando no local na hora do acidente. 279 foram resgatadas.
De acordo com o governo de Minas Gerais, uma "força-tarefa" estadual foi descolada para Brumadinho . O governo ainda informou que designou a formação de um gabinete estratégico de crise para acompanhar de perto as ações.
"Estou a caminho de Belo Horizonte, local onde o Governo de Minas instalou o gabinete de gestão de crise assim que teve a notícia do ocorrido em Brumadinho. Todo o aparato do Governo de Minas foi enviado para prestar os primeiros socorros às vitimas e o suporte necessário para os moradores da região. Nossa atenção neste momento está direcionada para socorrer as pessoas atingidas", escreveu o governador Romeu Zema.
Uma equipe da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, se dirigiu à Brumadinho para avaliar a situação.
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Fazem parte da equipe o secretário, Alexandre Lucas; o diretor do Centro Nacional de Monitoramento, Armin Braun, e técnicos da Defesa Civil. O ministério informou que está em contato com a Defesa Civil da prefeitura, à frente da atuação em razão do episódio.
O presidente Jair Bolsonaro informou, através das redes sociais, que os ministros Gustavo Henrique Canuto, do Desenvolvimento Regional, Bento Costa Lima Leite, de Minas e Energia e Ricardo Salles, do Meio Ambiente, também estão se descolocando para a cidade.
De acordo com o presidente, "todas as providências cabíveis estão sendo tomadas". Bolsonaro ainda escreveu que a priorodade do governo é "atender eventuais vítimas desta grave tragédia". O presidente também confirmou, em pronunciamento oficial, que irá se dirigir à cidade na manhã deste sábado (26). Ele irá sobrevoar a área para avaliar os estragos.
De acordo com os bombeiros, 3 milhões de metros cúbicos de rejeitos vazaram após o rompimento das barragens.
Pronunciamento da Vale sobre o rompimento da barragem
"A Vale informa que ocorreu, no início da tarde de hoje, o rompimento de uma barragem na Mina Feijão, em Brumadinho (MG). As primeiras informações indicam que os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. Ainda não há confirmação se há feridos no local. A Vale acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens.
A prioridade total da Vale, neste momento, é preservar e proteger a vida de empregados e de integrantes da comunidade.
A companhia vai continuar fornecendo informações assim que confirmadas."
Ja no início da noite, a empresa divulgou um vídeo institucional sobre o acidente. Na produção, o presidente da companhia Fabio Schvartsman lamentou o ocorrido. "Não tenho palavras para descrever o meu sofrimento, minha tristeza e meu desaponto", disse o executivo, que jurou solidariedade às vítimas.
Acidente lembra o de Mariana
Em novembro de 2015 uma barragem da mineradora Samarco se rompeu liberando rejeitos de mineração no ambiente na cidade de Mariana (MG). No episódio, 19 pessoas morreram e comunidades foram destruídas. Houve também poluição da bacia do Rio Doce e devastação de vegetação.
A ação criminal tramita na Justiça Federal de Ponte Nova (MG) desde novembro de 2016, quando foi aceita a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF).
Em 2017, o tribunal chegou a manter a tramitação do processo suspensa por mais de quatro meses para verificar alegações feitas pelas defesas de Ricardo Vescovi e KleberTerra, diretores da Samarco. Eles pediam a anulação da ação, sob o argumento de que foram usadas provas ilegais, como escutas telefônicas que teriam sido feitas fora do período determinado judicialmente. Em novembro de 2017, o magistrado considerou a solicitação improcedente e determinou a retomada do trâmite.
O MPF disse em nota que espera pela marcação dos depoimentos das testemunhas de defesa. "Não é possível prever uma data para conclusão do julgamento", acrescenta o texto. A denúncia apresentada em 2016 pede que os réus sejam submetidos ao júri popular. Além do processo criminal, o MPF também moveu uma ação civil pública voltada para a reparação ambiental e socioeconômica, onde estima os prejuízos da tragédia em R$ 155 bilhões.
Através das redes sociais, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, comparou o rompimento das barragens em Brumadinho à tragédia em Mariana. "Depois de 3 anos do grave crime ambiental em Mariana, com investigações ainda não concluídas e responsáveis punidos, a história se repete como tragédia em Brumadinho. É inadmissível que o poder público e empresas mineradoras não tenham aprendido nada", escreveu Marina.
*Mais informações em breve