(Atualização: A primeira versão publicada desta reportagem continha foto que reproduzia imagem do Hospital Iamada. A instituição, no entanto, ressalta que o médico acusado de crimes sexuais "não presta seviços nas dependências do hospital, não fazendo parte de seu corpo clínico e muito menos de seu quadro de funcionários".)
Um médico cardiologista de 74 anos está sendo investigado sob acusação de assediar sexualmente pacientes em seu consultório em Presidente Prudente, interior de São Paulo. Até agora, a Delegacia da Mulher já colheu 29 depoimentos de abuso, sendo que o caso mais antigo aconteceu há 25 anos.
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Segundo a Polícia Civil, todas as ocorrências relatadas foram semelhantes. Augusto César Barretto Filho estaria há anos recebendo as pacientes em seu consultório e as pressionando a passar a mão em seu órgão genital. Algumas mulheres chegaram a contar que o agressor teria sido ainda mais violento: as vítimas eram agarradas por trás enquanto o cardiologista tocava suas partes íntimas.
As investigações contra o cardiologista começaram com o surgimento da primeira denúncia de uma mulher que contou ter ido a uma consulta no dia 19 de julho do ano passado, a fim de entregar resultados de exames providenciados pelo médico. A vítima relatou que Barretto tocou em suas partes íntimas e fez com que a mulher tocasse em seus órgãos genitais. De acordo com a denúncia, a vítima pediu chorando para que o cardiologista parasse, mas não foi atendida. Em choque, a mulher teria ficado sem reação e não teria conseguido pedir socorro.
Apesar de o caso ser antigo, um inquérito foi aberto somente na última segunda-feira (14) pelo promotor de Justiça Filipe Antunes. Com a divulgação da acusação, novos casos de abuso sexual começaram a surgir ao longo da semana.
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Algumas mulheres afirmaram terem sido tocadas nos seios enquanto estavam deitadas na maca. Enquanto outras relataram que o médico teria esfregado o pênis ereto em seus corpos. Há ainda um caso que diz que o médico teria se masturbado, enquanto a vítima estava de costas.
Somente nesta quinta-feira (17), três mulheres prestaram depoimento presencialmente e outras 11 ligaram para a Delegacia da Mulher. Todos os depoimentos foram colhidos como prova e o Ministério Público pediu a prisão preventiva do cardiologista, porém ainda não foi tomada nenhuma decisão em relação a isso.
Segundo o promotor, os episódios são caracterizados como atos libidinosos sem conjunção carnal, sob pena de dois a seis anos de reclusão. Porém, a investigação ainda avalia se os casos se enquadram na categoria de estupro de vulnerável, já que algumas mulheres poderiam estar doentes durante as consultas e, por isso, não conseguiriam resistir aos abusos.
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Mas não é somente a Delegacia da Mulher que investiga o cardiologista , o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) abriu sindicância contra Barretto em julho do ano passado. O conselho ainda informou que negou um pedido feito pela defesa do médico para que o seu registro profissional fosse cancelado. Cancelar o registro anularia as medidas punitivas contra o agressor.