O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, foi interrogado pela segunda vez nesta quarta-feira (9), na agência prisional de Aparecida de Goiânia. O líder espiritual está preso no núcleo de custódia da cidade desde o dia 16 do mês passado em razão do surgimento de centenas de acusações por abusos sexuais a mulheres e adolescentes durante atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia.
João de Deus prestou esclarecimentos a respeito da posse ilegal de armas de fogo encontradas em um de seus imóveis durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão. De acordo com a Polícia Civil de Goiás, a expectativa é de que esse segundo inquérito seja finalizado ainda hoje e encaminhado à Justiça.
Além da apreensão de seis revólveres e pistolas, além de munição, os policiais também localizaram cerca de R$ 1,6 milhão em dinheiro vivo, e também pedras preciosas em endereços do médium. De acordo com a polícia, a perícia nos objetos apreendidos, incluindo em um notebook, ainda não foi concluída.
"O resultado dos laudos será determinante para os próximos passos nas investigações . As diligências continuam sendo mantidas em sigilo para não atrapalhar o andamento do trabalho policial", informou a corporação, em nota.
Em seu primeiro depoimento após ser preso, no fim de dezembro, João de Deus explicou a alta quantia de dinheiro que ele mantinha dizendo ser um "empresário" e possuir renda mensal de R$ 60 mil em razão das fazendas que administra no estado de Goiás.
O advogado que representa o médium, Alberto Toron, citou também doações recebidas por conta de sua atuação na Casa Dom Inácio de Loyola e negou que o dinheiro tenha origem ilícita.
O novo depoimento do médium de 76 anos de idade se dá no mesmo dia em que a Justiça acatou a primeira denúncia apresentada pela força-tarefa do Ministério Público de Goiás (MP-GO) no fim do mês passado. João de Deus responderá por crimes de violação sexual mediante fraude e de estupro de vulnerável.
A denúncia se baseou em quatro casos supostamente ocorridos entre abril e outubro de 2018, e considerou depoimentos apresentados por 19 mulheres que se apresentaram como vítumas. A força-tarefa armada pela promotoria goiana já identificou ao menos 260 mulheres que dizem terem sido abusadas sexualmente por João de Deus quando tinham entre 9 e 67 anos de idade. A defesa do líder espiritual nega as acusações.
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Veja o que foi apreendido na casa de João de Deus: