Uma operação da Polícia Civil apreendeu mais de R$ 405 mil, moedas estrangeiras de diversos países, seis armas e várias munições na casa do médium João de Deus, preso desde domingo (16) sob acusações de ter cometido abuso sexual contra mais de 500 mulheres.
O material foi encontrado em diversos lugares do quarto de João de Deus
, incluindo em um fundo falso dentro do armário dele, segundo informou a Polícia Civil de Goiás por meio de transmissão ao vivo. De acordo com o delegado André Fernandes, além de cédulas brasileiras, também foram encontrados dólares, euros, libras, dólares canadenses e outras moedas.
Ainda foram apreendidas seis armas e diversas munições que, de acordo com a Polícia Civil, estão sem registro. Um dos revólveres, inclusive, está sem numeração e o médium não tem permissão para posse de arma.
"Em uma residência do investigado, foram achadas seis armas, todo o montante em dinheiro em fundo falso no fundo de um guarda-roupas. Não sabemos o motivo pelo qual ele mantinha o armamento e essa quantia elevada de dinheiro. Ainda nesta semana, vamos concluir um dos inquéritos", afirma o delegado.
Fernandes ainda informou que a Embaixada dos Estados Unidos procurou a equipe responsável pela investigação do caso e demonstrou interesse em ajudar. Segundo o investigador, eles receberam dados, que não foram divulgados, e têm interesse em saber se algum norte-americano também foi vítima do médium.
“Recebemos o contato da Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, que quer nos passar informações que receberam para descobrir se há vítimas norte-americanas. Ainda não fizemos este contato, porque precisamos ir até a capital federal, e isso deverá ser feito ainda esta semana”, disse.
Ele ainda afirmou que uma nova vítima entrou em contato com a corporação e deve ser ouvida, e que a polícia acredita que, por o tribunal ter negado liberdade ao líder espiritual, pode ser que apareçam mais denúncias.
O Ministério Público já recebeu 506 relatos de abusos sexuais supostamente cometidos pelo médium . Os crimes foram relatados aos Ministérios Públicos de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Das mulheres que o denunciaram, 30 já foram ouvidas e 15 das denúncias foram registradas na delegacia de Goiás.
No entanto, João de Deus não vai responder pela maioria dos crimes pelos quais é acusado. Isso porque, de acordo com a delegada Karla Fernandes, responsável pela investigação contra ele, muitos dos casos denunciados aconteceram mais de seis meses antes da denúncia e, portanto, perdem o valor legal, conforme o código penal brasileiro decretava até setembro deste ano.