O médium João de Deus terá uma cela própria no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, em Goiás. A decisão ocorreu nesta quinta-feira (3) após o líder espiritual precisar ser levado para um hospital após passar mal na quarta-feira (2) . Segundo a administração penitenciária do Estado de Goiás, ele apresentou uma infecção urinária leve, com sangramento de urina.
João de Deus foi submetido a exames laboratoriais e de imagem, que não constataram necessidade de internação. Ainda de acordo com o órgão, a consulta revelou "apenas um pequeno apêndice proveniente de uma queda que ele [João de Deus] afirmou ter levado por conta de possível vertigem". Por isso, "o médico mudou a medicação referente ao problema".
O médium retornou ao presídio na madrugada de quinta. A defesa dele afirma que seu estado de saúde é “crítico” e pede para que a Justiça conceda prisão domiciliar ao homem, de 76 anos.
Na quarta-feira (2), um dos advogados do líder espiritual em Goiânia, Alex Neder disse que o médium começou a passar mal no último dia 26. “A situação dele, antes da prisão, já era diferenciada e preocupante. Com a prisão , a saúde dele se agravou”, reclamou Neder afirmando que a unidade prisional não tem infraestrutura adequada para atendimento em saúde.
No último dia 28, o Ministério Público de Goiás protocolou a primeira denúncia contra o médium, acusado de praticar abusos sexuais durante procedimentos espirituais na Casa Ignácio de Loyola, em Abadiãnia, no interior de Goiás.
O médium foi denunciado por violação sexual e estupro de vulnerável. A denúncia se baseia no depoimento de 12 diferentes mulheres que, segundo o MP, fizeram os relatos á Justiça em tempo hábil para que uma denúncia fosse formulada contra o líder espiritual.
O médium está preso desde o dia 16 de dezembro. Ao todo, 79 mulheres já foram ouvidas pelo Ministério Público e já são mais de 600 notificações sobre abusos sexuais por parte do líder espiritual.
Também em dezembro, o juiz Wilson Safatle Faiad, responsável pelo plantão no Tribunal de Justiça de Goiás , decidiu pela substituição de uma das prisões preventivas contra o médium por prisão domiciliar, no caso de posse ilegal de armas. O pedido foi feito pela defesa um dia após a decisão, quando o líder espiritual já estava preso.
O juiz estabeleceu uma série de condições para a concessão da prisão domiciliar, como pagamento de fiança de R$ 1 milhão, monitoração eletrônica, recolhimento do passaporte e desde que não esteja preso por outro motivo. Apesar da decisão, João continua preso por causa das acusações de crimes sexuais. Ele nega as acusações .
João Teixeira de Faria, o João de Deus , é suspeito de ter praticado crimes de estupro, estupro de vulnerável (quando cometido contra menor de 14 anos ou quem esteja em situação de vulnerabilidade) e violação sexual mediante fraude. A Força-Tarefa também pretende investigar uma denúncia de lavagem de dinheiro contra o líder espiritual.