O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, afirmou não se lembrar das mulheres que o acusam de assédio sexual, durante o depoimento prestado na manhã desta quarta-feira (26), na sede do Ministério Público de Goiás, segundo informou o advogado de defesa Alberto Toron. Em interrogatório conduzido pelos promotores, o investigado ainda reafirmou sua inocência diante das mais de 600 denúncias feitas por mulheres, 77 das quais foram ouvidas pelo MP.
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Em entrevista coletiva na saída do prédio do Ministério Público, o advogado de João de Deus também afirmou que "os promotores agiram com correção no depoimento, foi importante e esclarecedor, já que ele respondeu a todas as perguntas." Na sequência, o advogado ainda relatou que "ele disse que não se lembrava de quem era as vítimas, ressaltou que atendia muitas pessoas e que era impossível se lembrar pelo nome, até porque não foi mostrada nenhuma foto", revelou Toron.
O advogado também disse que seu cliente foi questionado apenas sobre três casos de abuso sexual, não tendo sido perguntado sobre os R$ 1,6 milhões, armas irregualres, pedras preciosas, medicamentos e munições encontrados em endereços ligados ao médium. A defesa disse ainda que aguarda a denúncia do Ministério Público de Goiás.
"Sob o prisma processual, pareceu satisfatória a audiência que tivemos. [...] Só depois de sabermos qual o caso será detalhado na denúncia vamos definir os passos da defesa", completou o advogado que também teve direito a fazer perguntas a João de Deus durante o interrogatório.
O médium está preso suspeito dos abusos sexuais e teve um segundo mandado de prisão deferido por posse ilegal de arma de fogo. Sobre os pedidos de soltura dele, Toron disse que vai aguardar o resultado do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o habeas corpus impetrado referente à primeira ordem de prisão, para então entrar com novo pedido de soltura, se for o caso.
Depoimento de João de Deus começou por volta das 10h
João de Deus foi levado na manhã desta quarta-feira (26), do Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, onde está preso preventivamente desde o dia 16 de dezembro, para prestar depoimento na sede do Ministério Público de Goiás, na própria Goiânia, onde chegou por volta das 10h, depois de percorrer um trajeto de 15 minutos. Essa é a primeira vez que os promotores da força-tarefa do MP puderam ouvir o investigado.
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Para se preparar para o depoimento de hoje, os promotores da força-tarefa do Ministério de Público de Goiás trabalharam durante todo o final de semana e também na véspera e no dia de Natal. Eles precisam formalizar a denúncia contra João de Deus ao Poder Judiciário até o próximo domingo (30), que é quando se encerra o prazo legal.
Até a manhã desta quarta-feira, os promotores já tinham colhido o depoimento de 77 mulheres que acusam o médium de ter cometido assédio sexual contra elas durante atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. O Ministério Público ainda deverá ouvir pelo menos mais uma vítima em depoimento que está previsto para esta tarde.
Além do depoimento de João de Deus aos promotres do MP de Goiás nesta quarta-feira, os policiais civis da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) também deverão ouvir a esposa do médium, Ana Keyla Teixeira, em Goiás. Por meio de nota, a Polícia Civil informou que ela será ouvida na sede da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), também em Goiânia, pela delegada Paula Meotti, a tarde. Ainda segundo a nota, a mudança foi decidida por questões de logística da força-tarefa.
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Não se sabe ao certo qual será o conteúdo do interrogatório, mas além de questionar o casal sobre a denúncia principal de assédio sexual, os promotores poderão perguntar também sobre as armas ilegais, munições, grande quantidade de dinheiro vivo (R$ 1,6 milhão) e medicamentos encontrados na casa de João de Deus pelos policiais civis que cumpriram os mandados de busca e apreensão.
Por esse motivo, apesar de já ter prestado depoimento à Polícia Civil de Goiás, no domingo (16) quando se entregou às autoridades, João de Deus poderá ter que prestar novo depoimento aos policiais a respeito dos materiais encontrados em sua casa posteriormente. A polícia chegou a divulgar um vídeo que mostra os policiais usando uma máquina de dinheiro para contar o grande montante apreendido:
A chegada de João de Deus à sede do Ministério Público aconteceu tranquilamente e foi acompanhada apenas por alguns jornalistas, mas contou com forte esquema de segurança montado por agentes e viaturas do Sistema Penitenciário de Aparecida de Goiânia, onde o médium está preso.
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Veja imagens do material apreendido na casa do médium João de Deus :