João de Deus nega ter movimentado R$ 35 mi e afirma que sofreu ameaças

Em depoimento à polícia, médium negou ocultação de patrimônio e saques bancários nos últimos dias; ele negou crimes e explicou de onde vem sua renda e como funciona seu trabalho espiritual com pessoas em Abadiânia

João de Deus revelou que recebeu ameaça antes das denúncias dos abusos sexuais virem à tona
Foto: Marcelo Camargo/ABr
João de Deus revelou que recebeu ameaça antes das denúncias dos abusos sexuais virem à tona


No seu depoimento após se entregar à polícia neste domingo (15), o médium João de Deus afirmou que não movimentou R$ 35 milhões nos últimos dias e que antes das acusações virem à tona, recebeu ameaças de um homem. A informação é da TV Anhanguera , de Goiânia.

Segundo J oão de Deus , um homem lhe telefonou dias antes das denúncias contra ele se tornarem públicas e o ameaçou. De acordo com o médium, essa pessoa, que não se identificou, disse que poderia “acabar com ele”.

“Eu tenho 50 pessoas para acabar com você. Se você colocar 100, eu coloco 200 e, se você aumentar isso, eu coloco 1 mil. Eu vou acabar com você”, teria dito o homem segundo o líder espiritual .

O médium também negou que tenha movimentado R$ 35 milhões, como afirmaram investigadores do caso. No último sábado, o jornal O Globo informou que ele teria retirado a quantia de suas contas bancárias em poucos dias. Na época, ele era considerado um foragido da justiça.

No mesmo depoimento à polícia, João contou que lucra cerca de R$ 60 mil mensais fruto do que vem de suas sete fazendas em Goiás. Em duas delas, há extração de pedras preciosas, mas o líder espiritual negou saber o valor obtido com essa atividade.

Ele também afirmou não saber o número de casas e carros que possui em seu nome, já que muitos desses bens foram doados a seus filhos.

O médium detalhou o funcionamento da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde realiza os atendimentos espirituais. Segundo ele, não há cobrança aos ‘clientes’, porém, no templo funcionam um laboratório farmacêutico e uma lanchonete, de onde sai a renda para manter o local em atividade. Ele realiza as sessões em três dias da semana e o resto dedica aos seus outros afazeres econômicos.

“São as pessoas que o procuram em busca de atendimento individualizado e não há critério que utiliza para levar alguém para um atendimento individualizado, uma vez que são os frequentadores quem solicitam tal atendimento e não ele”, explicou negando as acusações de abuso sexuais.

O médium ainda afirmou que seria impossível cometer os crimes pelos quais responde, já que as portas da Casa Dom Inácio Loyola são transparentes e todos que aguardam para ser atendidos podem ver o que acontece no ambiente de atendimento.

Entenda a prisão preventiva de João de Deus

Foto: Marcelo Camargo/ABr
João de Deus é acusado de cometer abuso sexual durante sessões espirituais


Acusado por 330 mulheres de cometer abuso sexual durante sessões espirituais na Casa Dom Inácio Loyola, em Abadiânia, o médium nacionalmente famoso por ‘conseguir curar doenças incuráveis’ passou a ser investigado pelo Ministério Público de Goiás na semana passada.

Após analisar as denúncias da promotoria, a Justiça de Goiás decretou, na última sexta-feira (14), a prisão preventiva de João alegando que ele poderia ocultar patrimônio caso continuasse em liberdade. Ele só se entregou no domingo (16), após negociação de sua defesa.

João de Deus está preso no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital goiana.