A Justiça de Goiás determinou, nesta sexta-feira (14), a prisão preventiva de João de Deus. O médium é suspeito de praticar uma sequência de abusos sexuais durante os mais de 40 anos em que oferece tratamentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás.
João de Deus é alvo de pelo menos 330 denúncias de abuso sexual. O grande número de casos – revelados após a divulgação de depoimentos de vítimas na última semana – fez com que o órgão convocasse a titular da promotoria de Abadiânia, Cristiane Marques, que estava de férias, para reforçar a força-tarefa que investiga as acusações
Na última quarta-feira (12), o Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) chegou a protocolar um pedido de prisão contra o médium na promotoria de Abadiânia. No entanto, não se sabe ainda se este é o pedido que originou a decisão.
Também foi na quarta a última vez que João foi visto em público. Nesse dia, ele tentou voltar a trabalhar, pela primeira vez após a explosão do escândalo, mas ficou apenas dez minutos na Casa Dom Inácio Loyola e se retirou, dizendo que não estava sob condições de realizar atendimentos.
Em paralelo ao MP-GO, as promotorias de Justiça Criminais do Ministério Público de outros estados também estão recebendo denúncias e auxiliando o Ministério Público de Goiás na apuração, colhendo os depoimentos das denunciantes que não moram em Goiás. Há denúncias de pessoas que moram, inclusive, fora do País.
O advogado que representa o médium, Alberto Zacharias Toron, disse na noite de quarta ao iG que era cedo para qualquer manisfestação sobre o pedido de prisão, uma vez que a defesa não havia tido acesso ao teor da acusação.
"Sem conhecer os termos pelos quais ele foi veiculado, fica difícil de me manisfestar. De qualquer modo, eu ressalto que João continua em Abadiânia à disposição das autoridades", afirmou o advogado.
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Com a quantidade acumulada de denúncias de abuso sexual, João de Deus poderá "quebrar o recorde" de outro caso famoso, do ex-médico de reprodução assistida Roger Abdelmasshih. Ele foi condenado a 278 anos de prisão por ter cometido 52 estupros e quatro tentativas de estupro a 39 mulheres diferentes. Nesse processo, foram ouvidas mais de 200 pessoas, entre elas 130 testemunhas de defesa e 35 mulheres que acusavam o médico.