João de Deus se diz inocente após denúncias: "Estou nas mãos da lei brasileira"

Após ser acusado de assédio, abuso sexual, estupro e até pedofilia, médium se diz inocente, mas afirmou que não tinha condições de voltar a trabalhar

João de Deus apareceu hoje (12) na Casa Dom Inácio de Loyola pela primeira vez depois das denúncias de crimes sexuais
Foto: Marcelo Camargo/ABr
João de Deus apareceu hoje (12) na Casa Dom Inácio de Loyola pela primeira vez depois das denúncias de crimes sexuais

Pela primeira vez, desde que se tornou alvo de uma série de acusações de crimes sexuais, o médium João de Deus apareceu, na manhã desta quarta-feira (12), para trabalhar na Casa Dom Inácio Loyola, em Abadiânia, Goiás. É lá que, há 40 anos, o líder espiritual realiza seus atendimentos. Porém, segundo as acusações, também foi nessa Casa onde todos os abusos sexuais ocorreram.

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João de Deus chegou ao lugar por volta das 9h30. No entanto, ele ficou apenas um pouco mais de 10 minutos no local. Ao se retirar, disse que “não tinha condições de trabalhar” perante às acusações que pairam sobre a sua história e fez breve declaração. "Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs. Agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus, mas quero cumprir a lei brasileira porque estou na mão da lei brasileira. João de Deus ainda está vivo", declarou. 

As primeiras informações sobre os abusos sexuais praticados pelo médium de 76 anos foram divulgadas há cinco dias. O escândalo divide opiniões no município de aproximadamente 12 mil habitantes, a cerca de 100 quilômetros de Brasília. Na cidade, João fundou seu centro de atendimento em 1976.

“É fato que ele é responsável pela geração de aproximadamente 1,2 mil vagas de trabalho no município”, reconheceu o prefeito de Abadiânia, José Diniz (PSD), que declarou que as denúncias trazidas a público primeiramente pelo programa Conversa com Bial , da Rede Globo , e, depois, pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), chocaram toda a cidade. 

“Ficamos todos muito preocupados com a notícia”, acrescentou o prefeito, referindo-se aos potenciais prejuízos econômicos que o caso pode trazer à cidade. “Ainda é cedo para falarmos sobre se já houve possíveis impactos econômicos na cidade, pois os atendimentos acontecem de quarta a sexta-feira e muita gente começa a chegar na quarta", afirmou.

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"Já quanto às denúncias, não há muito o que dizer. Quem tem que cuidar delas é a Justiça e, pelo que eu vi, disso o Ministério Público já está cuidando muito bem”, acrescentou o prefeito que, na última eleição, derrotou um concorrente que contou com o declarado apoio de João.

Apesar da passagem rápida, a chegada do médium à Casa Dom Inácio de Loyola foi tumultuada. Jornalistas e admiradores o cercaram, na tentativa de ficar o mais perto possível. Além disso, um grupo de pessoas vestidas de branco fez uma espécie de cordão de isolamento.

De acordo com MP-GO, já subiu para 206 o número de mulheres que relataram, até essa terça-feira, denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus . O Ministério Público de São Paulo criou uma força-tarefa com seis promotores e uma equipe de apoio para apurar as denúncias.

* Com informações da Agência Brasil.