A Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou alguns dos participantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). A confirmação foi dada pelo secretário de Segurança Pública da capital carioca, general Richard Nunes, nesta quinta-feira (22), nove meses e oito dias depois que Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos a tiros no centro do Rio de Janeiro, em 14 de março.
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Richard Nunes explicou que a polícia ainda não prendeu nenhum dos suspeitos do assassinato de Marielle e Anderson porque acredita que, caso um dos envolvidos seja preso, os outros poderiam fugir, portanto, para tentar capturar todos de uma vez, a polícia ainda não prendeu ninguém e o clime segue sem ser totalmente esclarecido.
As investigações seguem sob segredo de justiça. O objetivo, segundo Richard Nune s, é entregar o inquérito para a Justiça de modo a evitar que os acusados escapem de uma condenação no tribunal do júri, mas apenas ao fim do período de intervenção federal no Rio de Janeiro, programado para ocorrer em 31 de dezembro, conforme determina o decreto presidencial assinado em fevereiro pelo presidente Michel Temer que autorizava o governo federal assumir a segurança pública do Rio, de responsabilidade do governo do Estado.
"Esperamos que [concluir o inquérito em 31 de dezembro] sim. Não podemos ser precipitados. No momento que prende um [suspeito], não prende os demais. Alguns participantes nós temos. Temos que crirar uma narrativa consistente com provas cabais que não sejam constestadas em juízo. Seria um fracasso que a sociedade não observasse essas pessoas como criminosas e elas não fossem condenadas no tribunal do júri", disse o general Richard Nunes em entrevista concedida à Globonews que foi ao ar nesta quinta-feira (22).
O secretário também confirmou a suspeita de que grupos milicianos estariam envolvidos no crime. Marielle Franco era um militante pelos direitos humanos e pelo direito das pessoas negras, além de denunciar a atuação violenta da Polícia Militar do Rio de Janeiro nas favelas. Além disso, Nunes afirmou que não sabe ainda se eles atuaram como mandantes ou somente como executores do assassinato e que "provavelmente" tem político envolvido na morte da vereadora.
"Não é um crime de ódio. É um crime que tem a ver com a atuação política e a contrariedade de alguns interesses. Se a milícia não está a mando, está na execução. Provavelmente [tem político envolvido]", afirmou durante a entrevista.
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Vale lembrar que a TV Globo teve acesso à íntegra da investigação, que tem 14 volumes, mas a Justiça do Rio de Janeiro atendeu a pedido da Delegacia de Homicícios e determinou, por decisão judicial, que a emissora e seus veículos associados estão proibidos de divulgar qualquer informação a respeito do caso Marielle .