O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou nesta quinta-feira (1º) em Brasília (DF) que a Polícia Federal vai abrir uma investigação para apurar uma suposta obstrução na investigação do caso Marielle Franco, ex-vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, por parte de uma "organização criminosa".
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Segundo o ministro, a investigação de uma possível obstrução no esclarecimento do caso Marielle Franco foi estabelecida após pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a partir de dois depoimentos de testemunhas colhidos por procuradores federais.
Apesar de não revelar a identidade das testemunhas, o ministro deu detalhes sobre a abertura do inquérito por parte da Polícia Federal. Segundo ele, a suposta organização criminosa que estaria desviando e praticando obstrução na investigação do homicídio inclui "a participação de agentes públicos, milicianos e a contravenção", e, portanto, a entrada da PF no caso se torna necessária "por envolver indícios de coação no curso do processo, fraude processual, favorecimento pessoal, patrocínio infiel, exploração de prestígio, falsidade ideológica, fraudes e um eventual crime de corrupção."
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O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann , ainda fez questão de esclarecer que a Polícia Federal não está assumindo a investigação do próprio caso Marielle Franco, mas de uma possível obstrução nessas investigações que seguem sob responsabilidade do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
"Vai ter duas investigações em paralelo. A da morte de Marielle continua. Mas vai ter outro eixo, que vai investigar, seja quem está dentro do poder público, ou quem está fora. É uma investigação da investigação, vamos assim dizer [...] Se levar luz sobre quem matou Marielle Franco, é uma possibilidade, mas não é esse o objeto", disse Jungmann.
Vale dizer, no entanto, que em agosto deste ano, o ministro da Segurança Pública chegou a oferecer que a Polícia Federal assumisse a investigação principal do caso Marielle Franco. O presidente Michel Temer autorizou a atuação da PF no caso, mas, para que isso ocorresse, era preciso que os interventores federais na área de segurança do Rio de Janeiro fizessem o pedido oficialmente, mas a Polícia Civil do Rio de Janeiro recursou a oferta.
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A ex-vereadora que era uma grande defensora das minorias e dos direitos humanos e que denunciava a atuação truculenta de policiais nas comunidades mais carentes do Rio de Janeiro e seu motorista, Anderson Gomes, foram brutalmente assassinados a tiros numa emboscada ainda em março deste ano. Até agora, porém, a Polícia ainda não esclareceu o caso Marielle Franco .