O incêndio de grandes proporções
que atingiu o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista , em São Cristóvão, zona norte do Rio de Janeiro
, já repercute entre os diretores e funcionários do local.
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Após manifestações de apoio de políticos como o presidente Michel Temer e o governador do Rio Janeiro, Luiz Fernando Pezão, o vice-diretor do museu , Luiz Fernando Dias Duarte, criticou o poder público pela falta de apoio financeiro nos últimos anos.
"Passamos por uma dificuldade imensa para a obtenção desses recursos. Agora todo mundo se coloca solidário. Nunca tivemos um apoio eficiente e urgente para esse projeto de adequação do palácio", disse o vice-diretor em entrevista à TV Globo. "O arquivo histórico do museu, de 200 anos de história do país, foi totalmente destruído", completou.
Ainda de acordo com Duarte, as chamas destruíram acervos como a coleção da Imperatriz Terasa Cristina e os afrescos de Pompeia. "Tudo isso traz junto a destruição das carreiras de cerca de 90 pesquisadores que dedicavam a sua vida profissional dentro daquele espaço", lamentou o vice-diretor.
Outra vice-diretora, Cristiana Cerejo, contou aos jornalistas que ela e outros funcionários do museu conseguiram recuperar partes do acervo: "A gente conseguiu recuperar algumas coisas. Eu cheguei mais cedo e consegui entrar. A gente arrombou uma das portas antes das chamas tomarem conta", disse. “Conseguimos retirar algum material inflamável”, confirmou o ex-diretor da casa, Sérgio Azevedo
O diretor de Preservação do Museu Nacional, João Carlos Nara também lamentou o ocorrido e chamou a perda de irreparável. “Infelizmente a reserva técnica, que esperávamos que seria preservada, também foi atingida. Teremos de esperar o fim do trabalho dos bombeiros para verificar realmente a dimensão de tudo”, afirmou o diretor.
“É tudo muito antigo. O sistema de água e o material, tudo tem muitos anos. Havia uma trinca nas laterais. Isso é ameaça constante”, disse Nara, que também não poupou críticas ao poder público. “Gastam milhões em outros projetos”, reclamou.
História do Museu Nacional
Criado em 6 de junho de 1818 por D. João VI, o Museu Nacional é uma instituição autônoma, integrante do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e vinculada ao Ministério da Educação.
O museu, que já foi residência da família real portuguesa, contém um acervo histórico de cerca de 20 milhões de itens que vão desde a época do Brasil Império. Em exposição, estavam a coleção egípcia, que começou a ser adquirida po D. Pedro I; a coleção de arte da Imperatriz Teresa Cristina; e o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizado de "Luzia".
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Apesar de sua importância cultural e histórica, o Museu Nacional também foi afetado pela crise financeira da UFRJ e está há pelo menos três anos funcionando com orçamento reduzido. A instituição chegou a anunciar uma "vaquinha virtual" para arrecadar R$ 100 mil e reabrir a sala mais importante do acervo, onde fica a instalação do dinossauro Dino Prata.