O governo da Venezuela acionou as autoridades brasileiras cobrando a adoção de medidas que garantam a proteção dos imigrantes venezuelanos que estão em Roraima. A medida é uma reação ao ataque a um acampamento de refugiados promovido por moradores do município de Pacaraima nesse sábado (18).
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela se diz preocupado com as agressões e "desalojamentos massivos" de seus cidadãos em solo brasileiro, o que "violenta normas de Direito Internacional e deixa vulneráveis seus direitos humasnos". "Estabelecemos comunicação com o governo do Brasil a fim de solicitar as garantias correspondentes aos venezuelanos e a adoção de medidas de proteção e segurança de suas famílias", diz o texto.
O governo venezuelano também ordenou que a equipe do consulado do país em Boa Vista, a capital roraimense, desloque-se para a cidade de Pacaraima para verificar in loco a situação dos imigrantes que lá estão. O prefeito da cidade, Juliano Torquato, reconheceu em entrevista à Agência Brasil que ainda há riscos para os venezuelanos .
O comunicado do governo venezuelano, divulgado na noite desse sábado (18), destaca que há disposição para atuar em conjunto com as autoridades brasileiras, se necessário. E protesta contra a xenofobia "multiplicada por governos e pela mídia".
"Pedimos o respeito ao Direito Internacional sem discriminação e rechaçamos a instrumentalização de uma lamentável situação de violência alimentada por uma perigosa matriz de opinião xenófoba, multiplicada desde governos e da mídia a serviço dos inconfesáveis objetivos do imperialismo, a partir do desprestígio da nacionalidade venezuelana."
A menção a "governos que multiplicam opinião xenófoba" diz respeito ao governo de Suely Campos (PP) em Roraima. A governadora já acionou a Justiça em duas ocasiões para cobrar o fechamento da fronteira com a Venezuela , e aproveitou o episódio de Pacaraima para mais uma vez defender esse controle na entrada dos imigrantes.
Integrantes do governo brasileiro se reuniram neste domingo (19) no Palácio da Alvorada, em Brasília, para discutir a situação dos refugiados em Roraima. O Ministério da Segurança Pública prometeu enviar reforço para as equipes que atuam em Pacaraima.
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