Após prisão de morador de rua por defecar em escola, delegado ficou indignado e liberou o homem
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Após prisão de morador de rua por defecar em escola, delegado ficou indignado e liberou o homem

O delegado da Polícia Civil Aldo Lopes de Araújo, que trabalha na 2ª Delegacia de Plantão na Zona Norte de Natal, no Rio Grande do Norte, está fazendo muito sucesso nas redes sociais. E tudo porque ele realizou um despacho um tanto quanto incomum para liberar um morador de rua preso pela Guarda Municipal por defecar em uma repartição pública.

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O despacho para liberar o homem detido por defecar em uma CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) foi assinado no último domingo (5) e contou com um relato indignado do delegado, que não mediu palavras para demonstrar como a prisão do homem, que não teve a identidade revelada, era injustificável.

“Trata-se de um brasileiro em típico estado de necessidade”, escreveu Araújo no documento oficial. “Ele não tem casa nem privada onde possa ‘arriar o barro’ [...]. E foi trazido a esta delegacia pelo simples fato de ter cagado nos intramuros da repartição pública”.

O delegado conversou com o jornal Tribuna do Norte para explicar a situação. e disse: “Ele não havia levado nada. Entrou lá só para fazer as necessidades e pronto. E só entrou porque, como em vários prédios públicos, os vigias não vigiam nada”.

Ele ainda aproveitou para criticar as instituições da cidade que deveriam garantir a segurança do prédio em questão. “Trata a presente ocorrência de uma cagalança geral: do prefeito ao secretário, passando pelo diretor do órgão, pelo vigilante de faz-de-conta, pelos membros da Guarda Municipal”.

O documento foi compartilhado no Twitter pelo perfil @henryalfred_, com a legenda: “O cara foi preso por cagar no muro de uma repartição pública. O despacho do delegado:”. Até a manhã desta quarta-feira (8), a publicação já havia recebido mais de 700 retuítes e cerca de 1,5 mil curtidas.

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Leia o despacho completo do caso do homem preso por defecar em creche

A delegacia para onde o morador de rua foi levado por defecar dentro de uma creche no Rio Grande do Norte
Reprodução/Google Maps
A delegacia para onde o morador de rua foi levado por defecar dentro de uma creche no Rio Grande do Norte


Não vislumbro justa causa com vistas a justificar a lavratura de procedimento criminal contra o conduzido, por falta absoluta de provas. Inexistem autoria e materialidade. O conduzido é morador de rua , e não achou lugar melhor para dar de corpo, obrar, grosso modo, esvaziar o intestino grosso, cagar, como se diz no idioma espontâneo do povo.

Trata-se de um brasileiro em típico estado de necessidade. Ele não tem casa nem privada onde possa “arriar o barro”, com o se diz lá em nós. E foi trazido a esta delegacia pelo simples fato de ter cagado no intramuros da repartição pública mal cuidada e mal vigiada, quando a cagada maior é dos administradores, a partir do momento em que não cuidam direito da segurança do prédio, um espaço destinado a prestar serviço público.

Trata a presente ocorrência de uma cagalança geral: do prefeito ao secretário, passando pelo diretor do órgão, pelo vigilante de faz-de-conta, pelos membros da Guarda Municipal que conduziram um homem inocente até esta Delegacia, e porque não dizer da parte deste delegado, ora fazendo uso de linguagem pouco usual, porém vigorosa, para redigir o presente despacho ”.

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O oficial da Polícia Civil de Natal ainda disse que o tom do despacho partiu de sua indignação com a situação como um todo. “As repartições são abandonadas e isso é uma vergonha. Eu fico indignado sim, e o homem nunca pode perder a sua capacidade de se indignar. Se perder, ele está lascado”, declarou para o veículo do Rio Grande do Norte sobre a prisão do homem por defecar em uma CMEI.

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