O a ssassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (Psol) e do seu motorista Anderson Gomes completou quatro meses nesta quinta-feira (12). Para reforçar a cobrança por uma investigação mais célere e transparente e a resposta para “quem matou Marielle”, os pais da vereadora estiveram na sede da Anistia Internacional na manhã de hoje.
Marinete da Silva disse que já não recebe notícias das autoridades fluminenses há mais de um mês. "É bem ruim pra gente esse silêncio. É um sentimento de que se está chegando a um ponto de impunidade", disse ela, que afirmou que ainda confia no trabalho da Polícia e nas condições que ela tem pera descobrir quem matou Marielle . "Eu preciso acreditar", desabafou.
Antônio Francisco da Silva, pai de Marielle também criticou as autoridades e disse que nenhuma se prontifica a falar com a família. Ele também disse ter confiança de que a Polícia pode chegar aos criminosos e mandantes do crime e afirmou que não apenas a família, mas a sociedade brasileira e a comunidade internacional também esperam que a justiça seja feita.
"Todo dia quando eu acordo eu faço essa pergunta: O que minha filha fez, o que ela falou, para que tirassem a vida dela brutal e covardemente como foi?"
Procurada, a Secretaria Estadual de Segurança Pública afirmou em nota que não vai se posicionar sobre o caso, porque ele segue em sigilo.
Anistia cobra: quem matou Marielle?
Também nesta quinta-feira, a Anistia Internacional no Brasil divulgou um comunicado em que critica as instituições do Sistema de Justiça Criminal Brasileiro por ainda não terem chegado a uma solução para os crimes.
"Após quatro meses, a não resolução do assassinato de Marielle Franco demonstra ineficácia, incompetência e falta de vontade das instituições do Sistema de Justiça Criminal brasileiro em resolver o caso. É urgente o estabelecimento de um mecanismo externo e independente para monitorar essa investigação", afirmou Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional, que também pediu que as autoridades quebrem o silêncio e voltem a se comprometer publicamente a encontrar os responsáveis pelos assassinatos.
"A não solução do caso demonstra de forma inconteste a falta de compromisso do Estado brasileiro com seus defensores e defensoras de direitos humanos", disse.
Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março no Estácio, na região central do Rio de Janeiro. Os assassinos dispararam tiros de um carro que seguia a vereadora.
A coordenadora de pesquisa da Anistia Internacional, Renata Neder, defendeu que a falta de solução do caso e a possibilidade de envolvimento de agentes do Estado apontam a necessidade de se criar um mecanismo independente de acompanhamento das investigações. Quem participaria desse órgão e como se daria a sua criação são pontos que ainda é necessário discutir.
"É importante para garantir que as investigações andem de forma célere, não sofram com interferências indevidas e que todas as diligências sejam feitas", disse ela, que explicou que esse órgão externo não faria uma investigação paralela, mas apenas verificaria se os procedimentos corretos estão sendo cumpridos.
Quando o crime completou três meses , a Anistia cobrou que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro destacasse membros de seus grupos especializados para acompanhar o trabalho da Polícia Civil em descobrir quem matou Marielle – as investigações estão em sigilo. Segundo Renata, o MP não atendeu essa reivindicação e explicou que cinco promotores já estavam reforçando o trabalho do promotor responsável pelo caso.
* Com informações da Agência Brasil