O fotógrafo Fabio Piva, de 39 anos de idade, estará a pé nos próximos dias. A situação é a mesma de milhares de motoristas que ficaram sem gasolina devido ao desabastecimento provocado pela greve de caminhoneiros
, mas, no seu caso, o tanque vazio de seu carro não é consequência do consumo no trânsito, e sim resultado de uma prática criminosa.
Fabio conta que deixou seu carro estacionado na rua por cerca de duas horas na noite da última sexta-feira (25) na região do Horto Florestal, na zona norte de São Paulo. Ele havia abastecido o veículo, um Mitsubishi Pajero, no dia anterior, já se antecipando à escassez de gasolina que se instalou na cidade.
"Eu estava com o tanque cheio, então, quando saí com o carro, não percebi o ponteiro pois eu sabia que estava abastecido. Andei menos de um quilômetro e o carro parou", lembra o fotógrafo, que é morador do bairro de Santana, também na zona norte.
Fabio disse que demorou para perceber que havia ficado sem combustível. Ele acionou o guincho e passou cerca de uma hora aguardando o socorro na Avenida Santa Inês, ainda muito próximo ao Horto. "Só tive certeza mesmo do que havia acontecido quando o guincho chegou e o carro subiu na rampa. Foi aí que consegui ver o furo do tanque", relatou.
O carro de Fabio foi levado para o pátio da seguradora e será encaminhado à oficina somente nessa segunda-feira (28). Só então o fotógrafo saberá de quanto foi seu prejuízo – além, é claro, de todo o combustível furtado.
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Mad Max paulista
Fabio conta que usa o carro diariamente para trabalhar e para levar o filho à escola. Sem o veículo, o fotógrafo já foi obrigado a lançar mão de um aplicativo de transporte no dia seguinte ao furto de combustível, pois precisava chegar ao aeroporto para viajar. Segundo ele, o serviço do Uber no trajeto de sua casa até o aeroporto normalmente fica entre R$ 35 e R$ 40, mas neste sábado (26) saiu por R$ 80 devido à escassez de veículos do aplicativo na rua.
Ainda em razão da viagem que já estava agendada, o fotógrafo afirma que não teve tempo para registrar boletim de ocorrência sobre o furto de combustível.
"Por enquanto estou 'a pé' mesmo. A palavra para o que aconteceu é 'vergonha'. É inaceitável. Eu fiquei com muita raiva na hora, mas agora passou", comenta o fotógrafo.
Em sua conta no Facebook, Fabio deixou o alerta para outros motoristas terem cuidado ao estacionar o carro na rua durante a crise de desabastecimento e comparou a situação de São Paulo com a retratada no filme Mad Max .
De acordo com o Sindicato Comércio Varejista Derivados Petróleo Estado São Paulo (Sincopetro), 99% dos postos de gasolina da capital paulista já estão com as bombas secas e, mesmo quando os caminhoneiros retomarem as atividades regulares, a situação levará ainda entre cinco e sete dias para ser normalizada.
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