Moradores do prédio incendiado no Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo, passaram a madrugada desta quarta-feira (2) nas ruas. Em entrevista a TV Globo , eles afirmaram que dormiram em condições de vulnerabilidade, uma vez que foram expostos ao frio, fome, e, até mesmo, furtos.
Leia também: Acidente doméstico é possível causa do incêndio, diz secretário da Segurança
A reportagem mostrou que aproximadamente 50 pessoas dormiram em frente a uma igreja católica, localizada ao lado dos escombros do prédio que desabou. Segundo os moradores da ocupação, a permanência no local representa uma maior possibilidade de conseguir moradia fixa, ou um lugar onde possam pagar um preço justo para viverem em condições melhores.
A auxiliar de limpeza, Tatiana de Souza, explicou ao canal que se descolar até um abrigo é inviável, porque sabeque terá que deixar o espaço em um curto período de tempo. “Gostaria de um lugar para mim e para a minha filha. Hoje eu vou para um abrigo e amanhã vou ter que sair, não é? Temos que resolver nossas vidas, não dá para ficar lá. É assim que eles fazem”.
Assistentes sociais da prefeitura compareceram na área durante a noite, para ajudar as pessoas com alimentos e itens básicos de higiene. Eles ainda auxiliaram nos cadastros para uma nova moradia e para a recuperação de documentos perdidos no incêndio.
A Cruz Vermelha também atuou durante o período noturno, levando cobertores e colchões, entre outras doações recebidas pela equipe, que é o principal canal de coleta de materiais para os afetados pelo incêndio.
As investigações e trabalho voluntário
Cerca de 70 bombeiros e voluntários seguem trabalhando no resfriamento da área. A equipe ressaltou que o centro dos escombros permanece com a temperatura elevada, e que no momento, retirará somente as laterais dos escombros para a diminuição do volume de entulhos.
Leia também: Bandidos trocam tiros com a polícia, roubam viatura e fazem reféns no Ibirapuera
Você viu?
O major Max Schroeder, do Corpo de Bombeiros, informou que de acordo com a inciativa de cadastramento da Prefeitura, o número de pessoas que ainda não foram localizadas diminuiu de 44 para 29.
A prefeitura comunicou que 140 famílias já foram cadastradas. Um atendimento centralizado ocorre no local para moradores com problemas de saúde e que necessitam de medicamentos para uso contínuo.
Segundo a Cruz Vermelha, cinco toneladas de doações foram arrecadadas, mas que os itens, principalmente os de higiene, ainda são insuficientes para a quantidade de famílias que se encontram na área.
Vale mencionar que as causas do incêndio ainda estão sendo investigadas pelas autoridades, sendo as hipóteses de explosão gerada por vazamento de gás, curto circuito e ação criminosa, as mais trabalhadas pelos peritos e bombeiros.
Ricardo foi dado como desaparecido após o incêndio
Informações cedidas pela prefeitura apontaram que no total, o prédio era ocupado por 372 pessoas, ou 146 famílias. Segundo os dados, 320 foram cadastradas como desabrigadas depois do acidente, 40 procuraram atendimento na assistência social e 44 não foram localizadas - não há informações se estavam ou não na ocupação no momento do incêndio.
Apenas um homem identificado como Ricardo foi dado como desaparecido. Os bombeiros tentavam resgatá-lo, entretanto, o imóvel ruiu após o rapaz de aproximadamente 30 anos, ter retornado a ocupação para continuar ajudando as famílias que estavam com dificuldades em deixar o local.
Leia também: Quatro pessoas são mortas em favela na zona oeste do Rio de Janeiro
Os moradores afirmaram que Ricardo vivia na ocupação há quatro anos, e que trabalhava descarregando caminhões no centro de SP. À TV Globo, o ex-morador do prédio Osires Palma Filho, contou que Ricardo, conhecido como “Tatuagem” por ter muitos desenhos gravados pelo corpo, não possuía um bom relacionamento com a ex-mulher e as filhas. Os bombeiros alegaram que a corda e o cinto usados pela vítima foram achados nos escombros e que as chances de encontrá-lo com vida são pequenas.