O ex-governador Sérgio Cabral e sua mulher, Adriana Ancelmo, foram denunciados nesta segunda-feira (2) por terem usado irregularmente os helicópteros do Estado do Rio para fins particulares. Segundo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), o casal viajou ao menos 2.281 vezes as custas do estado, contabilizando um prejuízo de R$ 19,7 milhões aos cofres públicos.
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Ainda segundo a denúncia, em seu segundo mandato como governador, Sérgio Cabral teria comprado duas aeronaves mais modernas e confortáveis, por meio de licitações suspeitas, no valor total de R$ 32 milhões. Para o MP-RJ, os dois helicópteros comprados são mais luxuosos que os outros pertencentes ao Estado, portanto, aumentaram os custos de manutenção e combustível.
Segundo depoimentos de testemunhas, entre elas pilotos, a aeronave modelo “Agusta AW 109 Grand New”, de alto luxo, era usada quase com exclusividade pelo ex-governador, sua mulher, seus filhos e babás. Porém, por vezes, no trajeto entre o Rio de Janeiro e a casa de veraneio de Cabral no condomínio Portobello, em Mangaratiba, outros dois helicópteros eram usados simultaneamente para transportar amigos do casal, amigos e namoradas dos filhos, parentes e empregados domésticos.
De acordo com o MPF, as testemunhas afirmaram que Adriana Ancelmo tinha autonomia para solicitar viagens nas aeronaves do estado e voar, mesmo sem a presença do governador, o que, segundo os investigadores, foi comprovado também por meio dos diários de bordo. Os relatos e os documentos revelam pelo menos 220 viagens solo da ex-primeira-dama, que custaram mais de US$ 187 mil dólares americanos aos cofres públicos.
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De acordo com a denúncia, às sextas-feiras, era comum Adriana Ancelmo ser transportada de helicóptero do Rio para Magaratiba sozinha num horário e, mais tarde, Cabral fazer o mesmo percurso também sozinho. As provas testemunhais e documentais produzidas pela investigação apontam ainda que outras autoridades públicas foram transportadas em helicópteros do Estado para fins pessoais.
Ainda segundo o MP-RJ, em pelo menos 109 ocasiões, três helicópteros do Estado do Rio de Janeiro deslocaram-se, ao mesmo tempo, até o condomínio Portobello, em Mangaratiba, para buscar a família Cabral, empregados domésticos e convidados hospedados na casa de veraneio do ex-governador no local. Em depoimento, os pilotos afirmaram que esta situação era denominada por eles de "revoada".
A investigação também constatou que enquanto Cabral e familiares eram transportados em helicópteros públicos entre Rio e Mangaratiba, o Estado colocava à sua disposição, no Condomínio Portobello, três viaturas públicas, sendo uma blindada, além de 11 militares que faziam segurança 24 horas por dia. Pelo trabalho, os militares recebiam diárias de alimentação e hospedagem, uma vez que eram originários do Rio de Janeiro, aumentando ainda mais as despesas pagas pelo contribuinte fluminense.
Além da família
A denúncia indica ainda que Cabral também solicitava aeronaves para o transporte de prestadores de serviços privados. Numa ocasião, uma "corretora de imóveis" foi levada do Rio até Mangaratiba para tratar de assuntos particulares do ex-governador. Em outra situação, durante o carnaval, ele autorizou o transporte por helicópteros de seus convidados para o condomínio Portobello, diretamente do sambódromo do Rio, após o término do desfile das escolas de samba.
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Além do trajeto para a casa de veraneio, Cabral era transportado nos helicópteros públicos com frequência quase diária entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Palácio das Laranjeiras. De acordo com a denúncia, nas férias escolares, o ex-governador também chegava a fazer viagens diárias na rota Rio x Mangaratiba. Se a denúncia for aceita, Sérgio Cabral responderá pelo crime de peculato.