Depois do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) em uma rua no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, uma onda de notícias falsas que difamavam a líder comunitária correu pela internet. Um estudo realizado pelo Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo conseguiu rastrear, se não os caluniadores que fabricaram as falsas notícias, seus principais propagadores.
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De acordo com o estudo, divulgado pelo site do jornal O Globo , foram dois os principais responsáveis pelos compartilhamentos das informações falsas: o site Ceticismo Político e o MBL (Movimento Brasil Livre, que se popularizou durante as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff).
Até a noite de quinta (22), as notícias falsas divulgadas pelo Ceticismo Político tinham mais de 360 mil compartilhamentos no Facebook. A página, assim, foi a que alcançou mais usuários nas redes com os boatos sobre Marielle.
Entre as mentiras, estava a de que Marielle teria se relacionado com o traficante Marcinho VP e estaria ligada ao Comando Vermelho, grupo de criminosos no Rio de Janeiro. O MBL replicou a publicação do site, fazendo-a alcançar milhares de outros internautas e ampliando a repercussão das mentiras – somente no Twitter, elas chegaram a mais de um milhão de pessoas.
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O compartilhamento dos boatos se deu de forma quase simultânea nas páginas do Ceticismo Político e do MBL no Facebook, o que gerou dúvidas sobre uma possível ligação entre os dois.
O site noticioso é administrado por Luciano Ayan, autor que já teve textos analíticos replicados pelo MBL anteriormente. O domínio do site está registrado por uma empresa dinamarquesa, o que oculta o real responsável pelo site.
Já as páginas de Ayan na internet não contam com fotos, e tampouco foram encontradas informações sobre ele em bancos de dados públicos.
Procurado pelo O Globo , os administradores do Ceticismo Político afirmaram que têm uma relação “extremamente positiva” com o MBL. Já o MBL disse que não conhece Ayan e que não administra seus perfis na internet.
Sobre terem compartilhado os boatos da página, afirmaram que o fizeram pois “compartilham o que bem entendem e preferem acreditar na mídia independente”.
O PSOL já adiantou que está reunindo informações sobre os divulgadores de boatos sobre Marielle e que irá acioná-los judicialmente.
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