A chocante execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) , embora sem precedentes em cidades grandes como o Rio de Janeiro, é uma realidade relativamente corriqueira no interior do país. Dados da União dos Vereadores do Brasil (UVB) dão conta de que, desde o início de 2017, 15 vereadores e prefeitos foram mortos no Brasil. Uma média maior que um assassinato por mês.
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Pelo menos seis destas mortes aconteceram por motivações comprovadamente políticas. Quatro deles se deram no Pará, estado com o maior número de ocorrências do tipo – dois prefeitos e dois vereadores foram assassinados na região no último ano.
Entre os casos citados pela UVB e reproduzidos em uma reportagem do jornal O Globo está o da morte de Diego Kolling (PSD) , prefeito de Breu Branco. Ele foi assassinado a tiros a mando do presidente de seu próprio partido, Ricardo Chegado, em maio de 2017. Chegado foi preso em julho.
Ao jornal, o presidente da UVB, Gilson Conzatti, explicou que as disputas de poder e o crime organizado atuam com mais liberdade nas pequenas cidades, longe dos holofotes da mídia.
“O vereador, quando se propõe a fiscalizar, fica sujeito a riscos se há pessoas mal intencionadas do outro lado”, disse. Ele também citou Marielle Franco como exemplo.
“Temos que pegar a Marielle como uma bandeira. Ela exercia o mandato com excelência, realizando aquilo que um vereador deveria fazer. Com certeza estava incomodando por isso”, disse.
Mortos em campanha
Um estudo realizado na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) indica que, de 2008 para cá, ao menos 79 candidatos foram assassinados durante o período eleitoral. A informação é do jornal Valor Econômico .
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Foram mortos 63 candidatos a vereador, seis candidatos à prefeitura, três à vice-prefeitura, quatro candidatos a deputado estadual e três a federal. O estado com maior número de assassinatos foi o Rio de Janeiro, com 13 mortos.
Os cientistas políticos Felipe Borba e Ary Aguiar, responsáveis pela pesquisa, comentaram os resultados.
“No Brasil, dois fatores estão relacionados a essas mortes na política. Um é a presença do crime organizado, e o outro tem a ver com a dinâmica local. É o conflito entre elites, que se resolve com violência”, explicaram, em entrevista ao jornal O Globo .
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