Dinheiro dos dízimos, entre outras fontes, teria sido utilizado em proveito próprio pelo bispo dom José Ronaldo
Diocese de Formosa
Dinheiro dos dízimos, entre outras fontes, teria sido utilizado em proveito próprio pelo bispo dom José Ronaldo

Um bispo, quatro padres, um monsenhor e um vigário estão entre os presos provisórios da operação Caifás , deflagrada nesta segunda-feira (19) em três municípios de Goiás para investigar um suposto esquema de desvios ilegais na diocese de Formosa, que responde por 33 igrejas em 20 municípios no interior do estado.

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O Ministério Público de Goiás, que conduz as investigações, recebeu denúncias em 2015 de fiéis da Igreja que relatavam os supostos desvios e a falta de transparência nas declarações de gastos da diocese. Dinheiro dos dízimos, doações, verbas arrecadadas em festas religiosas e taxas de batizados e casamentos, entre outras fontes, teriam sido utilizadas em proveito próprio pelo bispo dom José Ronaldo .

Auxiliado por padres e funcionários administrativos, dom José teria roubado ao menos R$ 2 milhões da diocese em um período de três anos, estima o MP de Goiás. Os procuradores acreditam que o religioso empenhou o dinheiro na compra de uma casa lotérica, áreas para a criação bovina e automóveis, registrando os bens em nome de ‘laranjas’ – falsos proprietários – para disfarçar seu enriquecimento ilícito.

O MP cumpriu treze mandados de prisão provisória e dez mandados de busca e apreensão em igrejas, residências oficiais e em um mosteiro nas cidades de Formosa, Posse e Planaltina. Todos eles contra “lideranças religiosas ou administrativas ligados à Igreja Católica”, informam os procuradores.

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Inicialmente, os investigados presos nesta segunda (19) passarão cinco dias detidos – este é o prazo máximo para prisões provisórias. Dom José é tido como o mentor e principal beneficiado do esquema. Ele e os demais religiosos são suspeitos de falsidade ideológica, apropriação indébita de recursos e associação criminosa.

Dom José, 61 anos, nasceu em Uberaba (MG). Concluiu estudos sobre filosofia e teologia em um seminário em Brasília, sendo ordenado padre em 1985. Conhecido por obras sociais e pela participação em construções de igrejas e organização de festas religiosas, dom José ascendeu na Igreja, tornando-se bispo em 2007.

Em 2014, tornou-se responsável pela diocese de Formosa, sob o lema bíblico, escolhido por ele, “in corde legem meam” – do latim “no coração, minha lei”.

Procuradas, a Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) e a diocese de Formosa ainda não se manifestaram sobre a operação.

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