A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta quarta-feira (14), juntamente com o Ministério Público do estado (MP-RJ), operação contra policiais suspeitos de envolvimento com a milícia no município de Mesquita, na região metropolitana do Rio. São cumpridos um total de nove mandados de prisão temporária, dos quais quatro deles são contra policiais militares que atuam no 20º Batalhão da PM.
Leia também: "Entramos em qualquer lugar do Rio de Janeiro", garante interventor Braga Netto
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, os suspeitos atuavam em esquema de milícia para cobrar 'taxa de segurança' a residências e comerciantes, além de explorar serviço de distribuição de sinal clandestino de TV a cabo, venda de água e de gás, transporte alternativo, liberação de vias para shows, cestas básicas e serviços de mototáxis.
Foram alvos dos mandados de prisão os policiais militares Marcio Lima da Cunha, conhecido como ‘Zebu’; André Lemos da Silva; Tiago Costa Gomes; e Natanael de Oliveira Gonçalves, conhecido como ‘Niel’. Os outros alvos são Paulo José Lírio Salviano, ex-policial militar; André Silva Nicodemus; Daniel Alex Soares da Silva, conhecido como ‘Escobar’; e Renato de Castro de Oliveira.
Além das ordens de prisão temporária, também são cumpridos no âmbito dessa operação dez mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 7ª Vara Criminal da Comarca de Nova Iguaçu/Mesquita.
Um comerciante relatou aos investigadores que o PM conhecido como ‘Zebu’ exigia pagamento de R$ 1 mil semanais a título de taxa de segurança. Dias depois, o comerciante recebeu ligação telefônica de Salviano marcando um encontro para que pudessem conversar sobre a cobrança.
No dia marcado, segundo o comerciante, ele compareceu ao local acompanhado de um amigo chamado Vinicius. Salviano e ‘Escobar’, em vez de aproximarem-se do veículo no qual estavam o lojista e seu amigo, afastaram-se, quando ocupantes de outro automóvel efetuaram diversos disparos de arma de fogo que acabaram causando a morte de Vinicius. O MP-RJ afirma que o ataque a tiros foi uma retaliação do grupo à negativa do comerciante em pagar a taxa.
Leia também: Delegado e ex-secretário de Cabral são presos em nova fase da Lava Jato no Rio
Milícia incide sobre a vida de 2 milhões de pessoas no Rio de Janeiro
De acordo com levantamento realizado pelo portal G1 , um total de 37 bairros e 165 favelas da região metropolitana do Rio de Janeiro estão sob o comando de milícias, totalizando cerca de 2 milhões de cidadãos vivendo sob o controle de um estado paralelo.
No início do mês, o general Walter Braga Netto, responsável pela intervenção federal no Rio de Janeiro, afirmou que um dos objetivos de sua gestão na segurança pública do estado é enfraquecer as milícias por meio da "valorização do bom profissional".
Leia também: Dinheiro recuperado na Lava Jato será empregado em ações da intervenção no Rio