Cúpula do BRF decidiu propor acordo para barrar processo e evitar
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Cúpula do BRF decidiu propor acordo para barrar processo e evitar "complicar mais a situação da empresa"

O ponto de partida para a Operação Trapaça,  terceira fase da Operação Carne Fraca deflagrada nesta segunda-feira (5) pela Polícia Federal, surgiu em uma ação movida por uma ex-funcionária do grupo BRF na Justiça Trabalhista em Goiás.

A ex-supervisora laboratorial da BRF Adriana Marques Carvalho alegou à Justiça que era orientada, sob "pressão explícita de seus superiores", a alterar os resultados de testes laboratoriais sempre que essas análises "acusavam a presença de algum agente infectante – como a bactéria Salmonella sp ". A informação consta de documentos anexados pela defesa da ex-funcionário ao processo, cujo teor foi divulgado pelo site O Antagonista .

Diante dessa ação, a cúpula da empresa decidiu propor um "acordo e não deixar o processo andar", temendo que o juiz do caso enviasse as informações para os órgãos competentes e "complicasse mais a situação da empresa". A estratégia consta de troca de e-mails ocorrida em 2015, que foi obtida pela Polícia Federal e também revelada pelo O Antagonista .

À época do processo, o presidente do grupo, Pedro de Andrade Faria, demonstrou sua insatisfação com o episódio em mensagem ao vice-presidente da empresa, Hélio Rubens Mendes dos Santos Junior. "Sempre levamos bucha dos mesmos lugares", disse Andrade Faria, que foi uma das dez pessoas presas nesta manhã.

A Operação Trapaça teve como alvos um total de cinco laboratórios envolvidos com a fraude na emissão de resultados de análises laboratoriais com o objetivo de esconder a condição sanitária dos lotes de animais e de produtos.

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Ministério da Agricultura minimiza impacto de fraude na saúde pública

Após a deflagração da ofensiva, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que participou da operação nesta manhã, divulgou nota afirmando que os laboratórios investigados tiveram o credenciamento suspenso.

A pasta também minimizou os riscos que a irregularidade identificada pode oferecer à saúde pública. "A presença da bactéria salmonela é comum, principalmente em carne de aves, pois faz parte da flora intestinal desses animais. No entanto, quando utilizados os procedimentos adequados de preparo minimizam os riscos no consumo da Salmonella, uma vez que a bactéria é destruída em altas temperaturas, como frituras e cozimento", informou o Ministério.

O Mapa também anunciou que irá implementar "medidas complementares de fiscalização, com aumento de frequência de amostragem para as empresas envolvidas, até o final do processo de investigação".

O grupo BRF até o momento não se manifestou a respeito da nova fase da Operação Carne Fraca.

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