Doria cancela ‘bolsa varrição’ criada por Haddad para dependentes químicos

Antes, Doria já havia fechado hotéis no centro que atendiam dependentes químicos que vivem nas ruas do centro de São Paulo

Após operação na Cracolândia, usuários de droga se dispersaram pela região central da capital paulista
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil - 26.5.2017
Após operação na Cracolândia, usuários de droga se dispersaram pela região central da capital paulista

Avesso à política de redução de danos criada por Fernando Haddad (PT) para buscar uma solução para a questão da chamada “cracolândia” – região no centro de São Paulo onde se concentram moradores de rua e usuários de crack -, o prefeito João Doria cancelou a “bolsa varrição” que era concedida aos moradores como pagamento por serviços de limpeza.

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A bolsa era um dos pontos fundamentais do programa “ Braços Abertos ”, instituído pelo ex-prefeito petista. Aqueles que resolviam aderir ao programa recebiam alimentação da prefeitura, tinham o direito a se hospedar em hotéis populares na região central da cidade e recebiam R$500 reais para varrerem as ruas e prestar serviços de jardinagem.

O programa não tinha como premissa que o aderente parasse de usar crack – a equipe de Haddad defendia na época que, para largar o vício, é importante que os usuários se reintegrem à sociedade, conseguindo emprego e moradia fixa.

Desde a campanha eleitoral de 2016, Doria é crítico ferrenho do programa, que apelidou de “braços abertos para a morte”. Desde que assumiu a prefeitura, o tucano já mandou fechar hotéis que atendiam à população da cracolândia.

Como alternativa, o prefeito instituiu o “Redenção”, que tem como regra que o dependente químico abandone as drogas para se enquadrar no programa.

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Para daqueles que recebiam a “bolsa varrição”, disse a prefeitura, poderão ser empregados pela iniciativa privada. Ao todo, 263 usuários estavam vinculados ao programa – a expectativa é que mais da metade fique sem ocupação.

No entanto, há a preocupação que mesmo aqueles que se enquadram nas exigências para serem direcionados a um novo trabalho (frequência maior que 50% nos serviços da “bolsa varrição) tenha dificuldades em se empregar.

Isso porque, além da dificuldade de se readaptar prontamente para trabalhos regulares, a maioria dos dependentes químicos “não tem o padrão exigido” pelas empresas, disse Fernanda Gouveia, diretora da Associação de Desenvolvimento Econômico e Social às Famílias (Adesaf), ao jornal Folha de S.Paulo.

Por isso, a diretora da Adesaf criticou a forma como as mudanças têm sido conduzidas por Doria. “Não há uma transição efetiva entre os dois programas”, disse.

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