Dois presos foram encontrados mortos na noite desse domingo (25) em uma das celas da Penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. De acordo com a Polícia Judiciária do estado, os homens foram assassinados por outros detentos, que utilizaram lençóis para enforcar a dupla. As vítimas foram identificadas pela Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) como Lázaro Luís de França Ferreira, conhecido como Nego Lázaro, e Shakespeare Costa de França, conhecido como Sheik.
Os corpos estavam caídos próximo ao vaso sanitário de uma das celas do Pavilhão 5 da cadeia estadual quando foram encontrados pelos agentes penitenciários que faziam a inspeção por volta das 21h da noite desse domingo. Essas foram as primeiras mortes registradas na Penitenciária de Alcaçuz , que tem capacidade para 620 detentos e hoje abriga 1.083 presos em regime fechado, desde as rebeliões que deixaram 26 mortos no início do ano passado .
De acordo com o diretor de Polícia do Interior, delegado Lenivaldo Pimentel, já foram identificados dois presidiários que confessaram ter participado do assassinato de Nego Lázaro e de Sheik. "A polícia tem o prazo de dez dias para investigar se havia mais pessoas envolvidas no crime, tanto no ato em si como na autoria intelectual", explicou.
O delegado afirmou que a provável motivação para as mortes seria uma "dissidência interna" em uma das facções presentes na penitenciária. Nego Lázaro e Sheik teriam decidido abandonar a facção paulista PCC para fundar uma própria organização criminosa, segundo o delegado Eloy Xavier, responsável pelo inquérito que investiga o caso.
O diretor de Polícia do Interior, por outro lado, preferiu adotar cautela ao comentar as circunstâncias do crime. "O caso ainda está em investigação. É sabido que os dois [Nego Lázaro e Sheik] têm relação com o crime organizado, mas ainda é muito cedo para fazer presunções. Temos dez dias para apurar o crime e o prazo ainda pode ser prorrogado por mais dez", disse o delegado Pimentel.
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Conflitos no PCC
Criado na década de 1990 no sistema penitenciário paulista e hoje detentor do posto de maior facção criminosa do Brasil, o PCC voltou aos noticiários de todo o País nas últimas semanas devido a uma provável disputa interna entre lideranças do grupo.
Há dez dias, foram encontrados numa reserva indígena no Ceará os corpos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e de Fabiano Alves de Souza , o Paca, considerados os principais nomes da facção em liberdade. As mortes, ao que indicam as investigações conduzidas pelas autoridades cearenses, teriam sido ordenadas por líderes do próprio PCC.
Um dos suspeitos de ter participado dos assassinatos de Gegê e de Paca foi fuzilado na semana passada em frente a um hotel na zona leste de São Paulo. Conhecido como Cabelo Duro, o criminoso Wagner Ferreira da Silva era apontado como o chefe da facção na Baixada Santista.