O governo federal vai decretar intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro na manhã desta sexta-feira (16). A informação é do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE).
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Que o Estado do Rio de Janeiro vive o caos na segurança pública todos nós já estamos cansados de saber. É só você ligar a TV ou se conectar a algum tipo de rede social para ser soterrado por um série de imagens de violência com criminosos fortemente armados com armas que só vemos em filmes do "Rambo", arrastões, furtos, assaltos, avenidas fechadas, famílias jogadas entre os carros aos prantos enquanto criminosos trocam tiros com a Polícia.
Some a todos esses cenários que acabamos de pontuar o total descaso dos nossos políticos fluminenses. O prefeito Marcelo Crivella diz estar na Europa para aprender a fazer segurança, será que ele fugiu do problema que atinge sua cidade? O ex-governador do Estado está preso, ele é um dos principais responsáveis pela crise financeira que limpou os cofres públicos do Rio. E não mais perdido está o atual governador Luiz Fernando Pezão que não sabe mais a quem recorrer. Como assim?
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Durante o carnaval, além da festa e da folia espalhadas pelas ruas da capital fluminense também vimos inúmeros crimes que chocaram a vista de qualquer um. Não precisava ser nenhum especialista político para saber que o planejamento de segurança foi falho. É uma pena que o governador Pezão só tenha reconhecido isso durante entrevista na quarta-feira de cinzas, depois que a maior festa do País já tinha sido manchada na cidade maravilhosa. Agora, mais uma vez, ele vai correr para a "saia" das Forças Armadas.
Será que chamar o Exército mais uma vez para ocupar as ruas do Rio de Janeiro é a melhor solução a ser tomada neste momento de caos? Em entrevista à Folha, o Embaixador do Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos) e presidente da Comissão de Segurança Hemisférica do órgão, José Luiz Machado e Costa a prática não apenas é ineficiente como compromete a capacidade de reação do País em caso de guerra.
Para Costa, que foi assessor do Ministério da Defesa brasileiro e atuou na criação da pasta, em 1999, não há segurança jurídica nem preparo operacional para a atuação das Forças Armadas nas cidades, o que torna sua ação ineficiente. Como já vimos que aconteceu na ocupação do Complexo do Alemão.
Segundo o diplomata, uma solução contra a violência carioca seria o ver como os criminosos manejam essa grande massa de recursos que possuem. Nas favelas do Rio, por exemplo, eles controlam a distribuição de gás, TV a cabo, além das drogas. Se o poder público consegue controlar isso, a cadeia que alimenta o crime financeiramente quebra. Em vez de ficar mandando tropa, deveriam mandar a inteligência.
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A população e o próprio Exército não podem pagar o preço desse total despreparo dos nossos políticos. Conforme o Embaixador brasileiro afirmou, as Forças Armadas têm uma doutrina e um preparo que é voltado para a guerra. Para destruir o inimigo. As polícias são treinadas para prender, com respeito ao devido processo legal. O dia que algum soldado do Exército entrar em conflito em alguma comunidade, os moradores vão aceitar um combate militar na área? Existe a possibilidade de se instalar um conflito urbano e as coisas se perderem de vez.
Para finalizar, ficam aqui algumas sugestões antigas, mas que nunca parecem estar ultrapassadas. Em paralelo, ao pedido de socorro para o Exército, os nossos governantes deveriam correr com medidas públicas para solucionar problemas da saúde, educação e emprego. Blindar a população com cultura e não com coletes a prova de balas. Usar as nossas forças de segurança e Forças Armadas para combater os verdadeiros culpados por essa crise de segurança instalada no Rio de Janeiro, os políticos corruptos que acabam com a cidade maravilhosa.