Festa onde aconteceu a maior chacina do Estado do Ceará ocorreu no bairro Cajazeiras, na periferia de Fortaleza
TV Globo/Reprodução
Festa onde aconteceu a maior chacina do Estado do Ceará ocorreu no bairro Cajazeiras, na periferia de Fortaleza

O Ceará viu o sábado amanhecer com tragédia. Isso porque uma chacina em Fortaleza deixou ao menos 14 mortos, o que aumenta para 200 o número de homicídios registrados no estado, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social. Até agora, apenas um dos suspeitos envolvidos no tiroteio do bairro Cajazeiras foi preso, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social. Porém, outras pessoas já foram identificadas. A polícia trabalha para deter suspeitos, auxiliada por outros órgãos públicos.

E o que já se tornou um marco histórico e sangrento, poderia ter sido muito pior, de acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpol-CE), Francisco Lucas de Oliveira, já que uma bomba, que não chegou a explodir, foi encontrada e retirada da casa de shows, palco da chacina em Fortaleza. 

O incidente começou quando um grupo invadiu o bar, onde estava sendo realizada uma festa de integrantes de uma facção criminosa rival. Os agressores entraram e atiraram po mais de 25 minutos contra todos os presentes no local. Logo depois do incidente, o governador do Ceará, Camilo Santana, escreveu, em sua conta nas redes sociais, que se tratava de "um ato selvagem e inaceitável". Ele ainda informa que convocou imediatamente o secretário de Segurança, André Costa, e a cúpula da secretaria, determinando "rigor absoluto nas investigações".

Santana ainda diz que pediu "a busca incessante dos criminosos envolvidos na chacina", e que todos sejam identificados e presos "o mais rápido possível". "Não aceitaremos de forma alguma que esse tipo barbárie fique impune. Confio na nossa polícia e tenho absoluta convicção de que uma resposta será dada muito em breve”, escreveu. 

'Situação é de catástrofe'

Em entrevista para a Agência Brasil, o professor da Universidade Federal do Ceará e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência, Luiz Fábio Paiva, afirmou que a situação no estado já passou de emergência para catástrofe. "As pessoas que vivem aqui podem ser assassinadas a qualquer momento por sujeitos que estão organizados e com disposição para matar”, afirmou.

Somente em 2017, de acordo com dados da Secretaria de Segurança, ocorreram 5.134 casos de mortes violentas no estado.

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O especialista defende que são necessários mais investimentos na área da segurança pública. Para ele, já faz muitos anos que "recursos têm sido investidos em policiamentos ostensivos". “Esse tipo de policiamento não resolve, não é adequado para tratar esse tipo de situação", aponta.

Paiva afirma que esse tipo de ação apresenta resultados pífios, como a prisão das pessoas que atuam no mercado de varejo de drogas, os chamados "aviões", não sendo o suficiente para combater o tráfico e a violência. "Todos os países que enfrentaram situações que envolvem crime organizado resolveram a questão com trabalho de inteligência e ação rápida da Justiça para apurar e responsabilizar quem de fato controla os grupos, porque você tem que desfazer todo o sistema de financiamento deles”, acrescentou o pesquisador.

Em relação à inteligência, o especialista detalha que o que tem sido observado é o uso de armas de grosso calibre, o que denota fragilidade na proteção das fronteiras. 

Já para o presidente do Sinpol, Francisco Lucas de Oliveira, a situação da área de segurança exige que políticas sejam repensadas. Ele lista quatro medidas para combater as facções criminosas, como “retomar os presídios, pois é de lá que está vindo toda essa carga de comando; bater forte no poder financeiro dessas facções; desfazer a divisão dos presídios por facções, que é como eles estão organizados hoje, e fortalecer a polícia de investigação, que hoje tem uma estrutura precária”.

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Após a chacina em Fortaleza, a  Agência Brasil  procurou o secretário de Segurança sobre as políticas do programa "Ceará Pacífico". Contudo, não obteve retorno. 

*Com informações e reportagem da Agência Brasil

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