Um jovem negro corre 2,7 vezes mais riscos de vir a ser vítima de homicídio do que uma pessoa branca da mesma faixa etária no Brasil. Esse dado foi verificado em 24 unidades federativas do País e foi revelado em relatório divulgado nesta segunda-feira (11) pela Unesco, o órgão para a Educação, Ciência e Cultura da Organização das Nações Unidas (ONU).
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O levantamento inédito, que reúne dados da Secretaria Nacional de Juventude e contou com apoio do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta ainda que as chances de assassinato são 2,19 maiores para as mulheres negras com idades entre 15 e 29 anos, do que para suas amigas de cor branca no Brasil .
De acordo com a Unesco, esse risco maior de homicídios para os jovens negros só não foi verificado em três estados brasileiros: o Paraná, onde a taxa de mortalidade de jovens brancos é superior àquela registrada entre os jovens negros; o Tocantins, onde o risco é bastante próximo; e em Roraima, onde não foi possível realizar o cálculo uma vez que o estado não registrou morte de nenhum jovem branco no período.
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Explicações e soluções
A maior suscetibilidade da juventude negra à violência é resultado, de acordo com expoentes da Unesco, da desigualdade de renda, de escolaridade, e de condições de moradia, entre outros fatores.
"Ao olharmos para dados que mais uma vez comprovam o preocupante genocídio dos jovens negros, entendemos a importância do lançamento da atualização do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, que na edição de 2017 traz também uma clara indicação das questões de gênero. É extremamente preocupante que as jovens negras tenham 2,19 vezes mais chance de morrer que as jovens brancas no Brasil. A Unesco acredita que, trazendo os números à tona, poderemos contribuir para políticas públicas de qualidade focadas em questões de gênero e raça", disse Marlova Jovchelovit Noleto, representante da ONU.
“A violência no Brasil tem cor, raça, geografia e faixa etária. É necessária uma força-tarefa de toda a sociedade e dos governos federal, municipais e estaduais para tirar os jovens da vulnerabilidade, com ações afirmativas para a juventude, em especial para os jovens negros", defendeu o secretário nacional de Juventude, Francisco de Assis Costa Filho.
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