Sergipe tem maior taxa de mortes violentas por grupo de 100 mil habitantes; São Paulo teve o menor índice do País em 2016
Waldiner Rabatski Limieri
Sergipe tem maior taxa de mortes violentas por grupo de 100 mil habitantes; São Paulo teve o menor índice do País em 2016

Sete pessoas morreram de forma violenta a cada hora ao longo do ano passado no Brasil. O dado representa um recorde histórico e foi revelado pelo 11º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança, estudo divulgado nesta segunda-feira (30) que reúne estatísticas oficiais da violência fornecidas pelas autoridades de segurança dos estados. De acordo com o levantamento, o País registrou um total de 61.619 mortes intencionais em 2016, número que representa alta de 3,8% em relação ao mesmo dado de 2015 e equivale ao total de mortes provocadas pela explosão da bomba nuclear que dizimou a cidade japonesa de Nagasaki em 1945. É como se uma bomba atômica da 2ª Guerra Mundial explodisse por ano no Brasil.

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Os índices se referem ao total de vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais (em serviço, ou durante o período de folga). Em números absolutos, o Rio de Janeiro superou São Paulo e assumiu em 2016 o posto de estado com maior número de vítimas da violência : foram 6.262 mortes intencionais no ano passado.

A maior taxa de mortes violentas por grupo de 100 mil habitantes, no entanto, foi registrada no Sergipe. Por lá, foram contabilizadas 64 vítimas a cada 100 mil moradores em 2016, um salto de 11,5% na comparação com as 57,3 mortes por grupo de 100 mil registradas no ano anterior. O estado com melhor índice nesse quesito foi São Paulo, onde houve 11,7 casos de mortes violentas a cada 100 mil habitantes, segundo as informações do governo estadual.

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Polícia mata mais e morre mais

Ainda de acordo com o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança, houve aumento no número de policiais mortos em situação de confronto e também no total de vítimas de intervenções policiais.

O Rio de Janeiro lidera o levantamento nas duas vertentes: o policial do Rio mata mais quando está atrás do gatilho e morre mais quando está na mira da arma. No ano passado, foram mortos 40 policiais civis e militares em serviço e 92 durante o período de folgas em terras fluminenses. Em 2015, esses índices eram de 25 e 73, respectivamente.

Já o total de vítimas de ações policiais saltou de 645 para 925 em um ano no Rio de Janeiro. Em São Paulo, segundo estado com maior número de mortes violentas decorrentes de ações policiais, foram 856 vítimas em 2016 (24 a mais que em 2015). 

Atravessando nova crise de violência, Rio de Janeiro teve índices alarmantes de mortes intencionais em 2016
Rommel Pinto / Parceiros / Agência O Dia
Atravessando nova crise de violência, Rio de Janeiro teve índices alarmantes de mortes intencionais em 2016

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Latrocínios 

Ainda de acordo com o estudo, o número de latrocínios (roubos seguidos de morte) cresceu 57,8% em sete anos no País. Somente no ano passado, foram registrados 2.514 assassinatos cometidos durante o ato do roubo ou em consequência dele. Na edição anterior do estudo, divulgada em 2010, o número havia sido de 1.593.

Em 19 estados houve aumento nesse tipo de crime. Rondônia (124%), Tocantins (73%) e Rio de Janeiro (70%) foram os estados com maior crescimento. No outro extremo, entre as unidades da federação em que os índices de latrocínio regrediram, as princiais quedas foram em Roraima (45%), Paraíba (28%) e Amapá (23%). Nos seis estados mais populosos além do Rio de Janeiro, foram registradas altas em São Paulo (1,2%), Bahia (1,4%), Paraná (8,3%), Rio Grande do Sul (17,1%) e Pernambuco (45%). Apenas em Minas Gerais houve recuo, de 10,6%.

Na relação entre o número de latrocínios e a população, o Pará aparece como o mais violento, com 2,6 casos por 100 mil habitantes no ano. Outros quatro estados superaram o índice de 2/100mil: Pará, Goiás, Amapá, Amazonas e Sergipe. Na outra ponta da tabela, Tocantins, São Paulo, Santa Catarina, Paraíba, Paraná e Minas Gerais ficaram abaixo de um por 100 mil. A taxa média do paíse é de 1,2 latrocínios a cada 100 mil habitantes.

Para especialistas, a alta generalizada na violência tem relação direta com a crise econômica que o país tem enfrentado. Sem recursos, os estados reduziram os investimentos em estrutura e pessoal nos últimos anos.

Confira abaixo mais dados do 11º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança:

*Com informações da Agência Brasil

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