Ex-médico condenado por matar amante se vestiu de mulher para cometer suicídio

Farah Jorge Farah seria preso de novo após decisão recente do STJ, mas foi encontrado morto em sua casa, em São Paulo, no início da tarde desta sexta

Ex-médico Farah Jorge Farah se matou em casa para não ir cumprir sua pena na cadeia
Foto: Cedoc/RAC
Ex-médico Farah Jorge Farah se matou em casa para não ir cumprir sua pena na cadeia

O ex-cirurgião Farah Jorge Farah foi encontrado morto em sua própria casa, no bairro da Vila Mariana, na zona sul da capital paulista, no começo da tarde desta sexta-feira (22). Acusado de matar, em janeiro de 2003, sua paciente Maria do Carmo Alves, com quem mantinha um relacionamento amoroso, Farah tinha sido condenado a mais de 14 anos de cadeia .

A morte do ex-médico foi confirmada um dia depois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar, nesta quinta-feira (21), que a pena de Farah Jorge Farah fosse imediatamente executada.

De acordo com o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, quando a ordem de prisão chegou, um chaveiro foi chamado para abrir a porta da casa. No entanto, o cenário encontrado pela polícia indica que o ex-cirurgião se preparou para o suicídio. Quando os policiais entraram no local, encontraram o ex-médico morto, deitado na cama, com um corte profundo na perna.

Farah tinha sido condenado a 16 anos de prisão por ter matado, esquartejado e ocultado o cadáver da ex-amante. Sua pena foi reduzida para 14 anos e oito meses por ter confessado o crime. Mais tarde, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu que ele continuasse solto.

Em agosto, no entanto, o caso voltou à tona a pedido do Ministério Público de São Paulo. Nessa quinta-feira, o STJ determinou a prisão provisória imediata do ex-cirurgião. 

Ritual para a morte

Para os jornalistas, o delegado Gonçalvez afirmou que o ex-médico preparou um "ritual" para a própria morte. O cenário para o ato final de Farah incluiu música fúnebre e roupas femininas. 

“Ele colocou uma música sinistra, uma música de terror, coisa estranha, fúnebre. Ele se vestiu com roupas de mulheres, colocou seio, colocou essas coisas, e se atentou contra a própria vida”, explicou o delegado. “Ele fez um ritual pra morte”.

Leia também: Roger Abdelmassih consegue o direito de voltar para prisão domiciliar

“Como você sabe ele tem conhecimento médico. Eu sou leigo pra ver isso, estamos aguardando a perícia. Provavelmente ele cortou a via femoral, devido à quantidade de sangue. Ele mesmo sabia o que estava fazendo”, disse.

Além disso, o delegado afirmou que, aos vizinhos, Farah havia dito que iria se matar e que não iria para a cadeia.

O crime

O crime aconteceu no dia 24 de janeiro de 2003. Segundo a defesa, Maria do Carmo foi até o consultório do médico, no bairro de Santana, zona norte da capital, com uma faca e tentou agredir Farah. O médico conseguiu desarmá-la e golpear o pescoço da vítima. Nesse momento, o médico relata ter tido um “branco” e só retomou a consciencia no dia seguinte.

Foto: Divugação
Julgamento do ex-cirurgião Farah Jorge Farah, em São Paulo

Segundo a polícia, após matar a mulher, Farah teria ainda retirado todo o sangue dos órgãos e cortado o corpo em nove pedaços, que escondeu em sacos de lixo dentro do próprio carro. Ele ainda retirou a pele das pontas dos dedos. Após o crime, ele foi para uma clínica psiquiátrica, onde se internou. Lá teria confessado o crime para uma sobrinha, que o denunciou. O corpo da vítima só foi encontrado três dias depois.

Leia também: Advogado de Temer decide abandonar o caso por 'questões éticas'

Farah ficou preso por quatro anos e meio e aguardava a decisão do julgamento em liberdade. Em 2006, o Conselho Regional de Medicina (CRM) o proibiu de exercer a profissão. Após sair da cadeia, Farah Jorge Farah se matriculou na Faculdade de Saúde Pública e morava em um sobrado na Vila Mariana, zona sul da capital, onde aguardava um novo julgamento.