Na tarde desta quinta-feira (19), pouco tempo antes de policiais militares entrarem na Penitenciária de Alcaçuz, detentos atearam fogo no refeitório da prisão, escancarando, mais uma vez, a falta de controle da situação por parte do governador do Rio Grande do Norte, Robison Faria (PSD).
O governador do RN afirmou à “Globo News” que teve que pedir o socorro da Polícia Militar para conseguir ter o controle do caos gerado nos confrontos entre os detentos de duas facções criminosas que se enfrentam desde as primeiras horas do dia na área externa da Penitenciária de Alcaçuz .
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Segundo Robison Faria, a Polícia Militar deverá realizar uma espécie de “corrente humana” para separar os detentos do PCC e da outra facção criminosa denominada Sindicato do RN.
Alertado pelo juiz da Vara de Execuções Penais de Natal em 2015, o governador do Rio Grande do Norte fez vistas grossas para o problema de superlotação nas cadeias do seu Estado. E agora acha que colocar a vida de policiais em risco ao fazer um cordão humano vai garantir a paz no sistema carcerário? A atitude demonstra o total desespero e despreparo de Robison Faria para lidar com a situação de crise.
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Transferência de presidiários
Nesta quarta-feira (18), o Batalhão de Choque da PM entrou no presídio de Alcaçuz para realizar a transferência de 220 presos. Segundo Faria contou na entrevista, houve ameaças de uma facção paulista de que “poderiam tacar fogo em Natal” caso houvesse a transferência de chefes para os presídios federais.
Na noite do mesmo dia, a capital do estado foi alvo de diversos ataques a ônibus e prédios públicos que podem estar relacionados às transferências.
A Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social do Rio Grande do Norte registrou 28 ocorrências de ataques a ônibus, terminais urbanos, viaturas do governo, delegacias e outros prédios públicos na capital do estado, além de outras cinco cidades potiguares, desde a tarde desta quinta. Segundo as informações divulgadas, foram incendiados 21 ônibus, seis carros e um caminhão. Sete pessoas foram detidas e conduzidas a delegacias.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Caio Bezerra, existe a possibilidade de que esses ataques tenham relação com a transferência de presidiários realizada nesta quinta-feira pelo Batalhão de Choque. Tal ligação está sendo investigada.
“As nossas forças de segurança estão mobilizadas para garantir a normalidade nas ruas e as investigações sobre possíveis retaliações já estão sendo feitas.” Há cinco dias, as autoridades de segurança pública estaduais tentam retomar o controle do presídio, localizado na região metropolitana de Natal.
A onda de ataques nas últimas 24 horas levou rodoviários e empresas de transporte urbano a recolherem os ônibus desde as 18h de ontem. Na manhã desta quinta, alguns veículos do transporte urbano voltaram à circulação, mas há atrasos. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores e Transportadores Rodoviários (Sintro-RN), alguns ônibus saíram das garagens escoltados por viaturas policiais.
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A penitenciária de Alcaçuz vive a situação de tensão desde o último final de semana, quando os confrontos e ameaças entre os presos membros de facções criminosas rivais tiveram início, com a morte de pelo menos 26 deles em uma rebelião que durou mais de 14 horas entre sábado e domingo.