AO VIVO: braço direito de Pazuello diz que 'picaretas' tentavam vender vacinas

Ex-assessor do Ministério da Saúde Airton Soligo buscava se projetar politicamente no Governo Federal durante sua atuação na pasta

Foto: Divulgação/Agência Senado/Pedro França
Airton Soligo na CPI da Covid

Airton Soligo, conhecido como "Cascavel" , que atuou no Ministério da Saúde como braço direito do então ministro Eduardo Pazuello, afirmou nesta quinta-feira (5) à CPI que "picaretas" apareceram no Ministério da Saúde tentando vender vacinas contra Covid-19. Ele diz, porém, que não atendeu nenhuma dessas pessoas.

"Quando se fala de picaretas da vacina eu criei ojeriza de ver isso. Quando eu estava no ministério quantos picaretas apareciam. Eu resolvi não receber nenhum. No momento que não se tinha a fábrica da AstraZeneca, não tinha um milhão de vacinas para entregar pro Brasil, picaretas apareciam tentando vender 100, 200 milhões [de vacinas] para todo lado e de todo jeito", disse

Durante o depoimento, Airtou também disse que tentou pacificar a relação do Governo Federal com o Instituto Butantan, produtor da vacina Coronavac em São Paulo. Para ele, intermediar a comunicação entre os dois era necessário porque o debate sobre a "vacina do Brasil" foi politizado. Assista ao vivo:

"O grande problema da vacina brasieira foi a politização. Se politizou essa questão, a questão do Butantan. Se politiza ainda. Eu vejo, as pessoas não falam da importância da Fiocruz. E, naquele momento, era necessário um interlocução política", disse Cascavel. 

E completou: "Naquele momento, nós precisávamos de vacinas e, o Butantan tinha 6 milhões de vacinas. Construir esse diálogo para que isso [o acordo] viesse a acontecer".

Ao ser questionado sobre quem politizou a relação com o Butantan, sendo lembrado pelos senadores das falas de Bolsonaro de que não iria comprar a "vacina chinesa", Soligo conteve seu discurso e apenas disse que "não podia afirmar". Entretanto, ele explicou que conseguiu pacificar a relação do governo com o Butantan até Bolsonaro se pronunciar publicamente sobre o assunto mais uma vez, quando teria dito que não compraria a Coronavac e Pazuello concordou, dizendo "um manda e o outro obedece". Veja:


O ex-assessor também foi perguntado se tinha conhecimento sobre o aplicativo Tratecov, desenvolvido pelo Ministério da Saúde e lançado em Manaus no dia 12 de janeiro. A plataforma indicava o chamado 'tratamento precoce' para pacientes com quaisquer tipos de sintomas.

"Não tenho conhecimento, não sei. Eu nunca tive acesso e nem interesse, não me dizia respeito", respondeu. 

Quem é Airton Soligo

Soligo é conhecido como "Airton Cascavel" e era considerado o "ministro político" de Pazuello. Foi responsável por fazer articulações com deputados, senadores, governadores e prefeitos. Pessoas próximas dizem que o assessor queria usar o posto no governo Bolsonaro e se projetar politicamente para 2022. 

Antes de ser nomeado para o cargo no ministério, em junho de 2020, Soligo já negociava em nome da pasta com estados e municípios. Soligo já foi prefeito em Mucajaí, em Roraima, deputado estadual, vice-prefeito de Boa Vista e deputado federal. Nas eleições de 2018, disputou uma vaga na Câmara pelo PRB, mas não se elegeu.

Braço direito de Pazuello, Soligo também foi exonerado com a saída do chefe do comando da Saúde.