CPI vai recorrer de decisão do STF que permitiu silêncio de Wizard

Empresário, que faltou no primeiro depoimento, é acusado de integrar "gabinete paralelo"

Carlos Wizard chegando na CPI da Covid
Foto: Divulgação/Agência Senado/Edilson Rodrigues
Carlos Wizard chegando na CPI da Covid






O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, disse durante a sessão desta quarta-feira (30) que vai recorrer da decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiu que o empresário Carlos Wizard permanecesse em silêncio diante das perguntas da comissão.

"É duro a gente ouvir isso do senhor, para quem perdeu um ente querido. A forma como o senhor fala machuca demais, eu peço à Mesa que recorra da decisão do ministro Barroso que recorra da decisão em relação ao habeas corpus que lhe concedeu o direito de vir aqui e ler uma única frase", disse Aziz.

Carlos Wizard informou no início da sessão que não responderia nenhuma pergunta dos senadores. O empresário possui um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) que garante a ele o direito de ficar em silêncio. 

Você viu?

O empresário chegou a fazer um discurso inicial de pouco mais de 15 minutos, no qual disse que nunca teve a intenção de não depor na CPI e que não integra o suposto "gabinete paralelo".  Wizard também falou de sua relação com o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e que contribuía com a gestão de maneira voluntária, sem vínculo e também sem receber nada por isso.

"Eu afirmo aos senhores com toda veemência que desconheço qualquer governo paralelo. Se por ventura, gabinete paralelo existiu, eu jamais tomei conhecimento ou tenho qualquer informação a esse respeito", afirmou Wizard.  Assista ao vivo:


O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) lembrou a decisão do STF, garantindo o direito de Wizard ficar em silêncio, mas lembrou que ele deve ouvir todas as perguntas dos senadores. Veja o vídeo de Wizard informando que vai ficar em silêncio durante toda a sessão da CPI:

"Ele vai permanecer calado em todas as perguntas como garante o habeas corpus", disse o advogado do empresário, Alberto Toron.

A convocação de Wizard foi aprovada no dia 26 de maio e o primeiro depoimento, agendado para 17 de junho. O empresário alegou que encontrava-se nos Estados Unidos e, por isso, não compareceu. Com isso, a CPI quebrou seus sigilos, solicitou condução coercitiva e a retenção de seu passaporte.


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso, concedeu a suspensão da condução coercitiva após o agendamento de outro depoimento aos senadores membros da comissão parlamentar de inquérito. Na última segunda-feira, dia 28 de junho, Carlos chegou ao Brasil e entregou seu passaporte à Polícia Federal.

No início da pandemia, em maio de 2020, Wizard afirmou que recebeu Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde, e que teria a missão de 'forrar' o Brasil de cloroquina e hidrozicloroquina - medicamentos ineficazes contra a covid-19.

Ricardo Barros

A CPI da Covid aprovou a convocação do líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados . Ricardo Barros (Progressistas-PR) vai depor na próxima semana, no dia 8. Em depoimento na semana passada, ele foi apontado como envolvido nas irregularidades e suposto esquema de corrupção relacionado a compra da vacina indiana Covaxin. Barros nega qualquer irregularidade e alegou que não há "dados concretos" que possam incriminá-lo e que que faltam "acusações objetivas".

Você viu?