Planalto exonera diretor acusado de solicitar propinas em contrato de vacina

Roberto Ferreira Dias era diretor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério e foi acusado de pressionar pela aprovação célere da Covaxin, vacina na mira da CPI da Covid

Ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias foi exonerado na manhã desta quarta-feira (30)
Foto: MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL
Ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias foi exonerado na manhã desta quarta-feira (30)

O governo federal exonerou o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias , através de publicação no Diário Oficial da União, na manhã desta quarta-feira (30). A decisão - que já havia sido anunciada no dia anterior - foi assinada por Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Casa Civil.

A medida ocorre após virem à tona denúncias de suspeita de irregularidade no contrato para a compra da vacina indiana Covaxin e depois a declaração de um empresário ao jornal Folha de S. Paulo de que Dias teria pedido propina para facilitar contratos de vacina com o Ministério da Saúde.

Em entrevista ao Globo , o servidor Luis Ricardo Miranda afirmou que Dias foi uma das autoridades que o pressionou para acelerar a compra da vacina Covaxin. Segundo ele, Dias teria insistido pelo envio de documentação incompleta à Anvisa e o mesmo não aconteceu em processo de outra vacinas negociadas pela pasta.

Dias foi indicado para o cargo de diretor do Departamento de Logística ainda em 2019 pelo atual líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Barros também é alvo de denúncias na CPI da Covid-19 no Senado por envolvimento nas supostas irregularidades do contrato da Covaxin.

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O Ministério da Saúde também anunciou a suspensão do contrato para aquisição de 20 milhões de doses da vacina celebrado com a farmacêutica Precisa. A decisão teria sido uma orientação da Controladoria Geral da União.

Na última terça-feira (29), o jornal Folha de S. Paulo publicou uma entrevista com o empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresentou como representante da Davati Medical Supply, para negociar a venda de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com o Ministério da Saúde.


Em entrevista à Folha, Luiz Paulo Dominguetti Pereira afirma ter recebido o pedido de Roberto Dias de "acrescentar" US$ 1 por dose por fora para o ministério como condição para o negócio. A CPI da Covid quer ouvi-lo na próxima sexta-feira, dia 2, segundo o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).