O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante um evento em Washington, em 13 de novembro de 2024
ALLISON ROBBERT
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante um evento em Washington, em 13 de novembro de 2024
Allison ROBBERT

Com duas mensagens em uma rede social, nas quais anunciou tarifas pesadas para México, Canadá e China, Donald Trump fez desvalorizar as ações dos fabricantes de automóveis, despertou preocupação entre países aliados e chacoalhou as chancelarias.

Esse estilo de comunicação característico do bilionário republicano antecipa um novo mandato repleto de anúncios impactantes nas redes sociais, a qualquer hora do dia e sobre todo tipo de assunto.

Às 18h45 (20h45 em Brasília) da segunda-feira, postou a primeira mensagem em sua rede, Truth Social.

O presidente eleito anunciava a imposição de tarifas alfandegárias de 25% para "TODOS os produtos" de Canadá e México a partir do primeiro dia de seu mandato.

Não importa que ambos os países sejam signatários de um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos.

"Esta tarifa permanecerá em vigor até que as drogas, em particular o fentanil, e todos os migrantes ilegais parem com esta invasão ao nosso país", escreveu Trump, semeando o pânico de Ottawa até a Cidade do México.

- Efeito imediato -

Alguns segundos depois, publicou a outra mensagem.

Desta vez destinada à China, da qual cobrará "uma tarifa adicional de 10%", além das tarifas existentes, "sobre todos os seus numerosos produtos".

Dois anúncios com efeitos imediatos: as ações da montadora de automóveis Stellantis despencaram na bolsa, e Canadá, China e México protestaram.

A Alemanha pediu à Europa que se "prepare" para ser atacada também.

Esta agitação lembra claramente a do primeiro mandato de Trump, quando jornalistas, empresários, políticos e diplomatas estavam atentos aos tuítes do magnata, acostumado a postar mensagens em horários intempestivos sobre os mais variados temas.

- 'Uma ferramenta' -

Pelas redes sociais, os cidadãos souberam que ele havia testado positivo para a covid-19, em outubro de 2020. Foi por volta da 1h da madrugada.

Para confirmar o assassinato de um general iraniano, Trump simplesmente tuitou uma bandeira dos Estados Unidos.

Tudo passava pelas redes sociais, desde a aplicação de uma tarifa até a demissão de determinados membros de seu gabinete, em um uso contrário às práticas de todas as outras administrações dos Estados Unidos e da maioria dos governos do mundo.

"Ele vê as redes sociais como uma ferramenta para moldar e direcionar o diálogo nacional", explica à AFP o cientista político Julián Zelizer.

"E fará isso novamente", prevê o professor da Universidade de Princeton.

Ao longo de sua nova campanha para a Casa Branca e devido a seus problemas legais, Donald Trump tem feito postagens na Truth Social, sua nova plataforma preferida.

Nos últimos dias, o republicano até nomeou seus futuros secretários de Justiça e Saúde por meio de duas publicações nesta plataforma.

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