Um homem analisa os danos causados por um bombardeio israelense em 15 de novembro de 2024 em Deir el Balah, centro da Faixa de Gaza
Eyad BABA
Um homem analisa os danos causados por um bombardeio israelense em 15 de novembro de 2024 em Deir el Balah, centro da Faixa de Gaza
Eyad Baba

Dois altos funcionários libaneses revelaram, nesta sexta-feira (15), que os Estados Unidos apresentaram uma proposta de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, enquanto o Hamas declarou estar "disposto" a negociar uma trégua com Israel em Gaza.

Desde o início da guerra em Gaza, desencadeada em 7 de outubro de 2023, quando militantes islamistas atacaram Israel, diversas iniciativas diplomáticas não obtiveram sucesso.

Um dia após o início do conflito, o Hezbollah começou a realizar disparos de artilharia quase diários em solidariedade ao movimento islamista palestino, o que forçou a evacuação de dezenas de milhares de habitantes do norte de Israel.

Israel, que respondia a esses disparos, iniciou em 23 de setembro uma ampla campanha de bombardeios contra posições do Hezbollah e, uma semana depois, intensificou a ofensiva com operações terrestres no Líbano.

Um alto funcionário libanês informou à AFP que a embaixadora dos Estados Unidos em Beirute, Lisa Johnson, apresentou um plano de treze pontos ao primeiro-ministro Najib Mikati e ao presidente do Parlamento, Nabih Berri.

O plano prevê um cessar-fogo de 60 dias e o deslocamento do Exército libanês para o sul do país, na fronteira com Israel.

Outra fonte do governo confirmou que a proposta está sendo analisada.

Berri "solicitou um prazo de três dias", informou o alto funcionário, acrescentando que Israel ainda não deu uma resposta.

Por sua vez, o Hamas declarou estar "disposto a alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, caso seja apresentada uma proposta e com a condição de que [Israel] a respeite", segundo Basem Naim, membro do bureau político do movimento islamista palestino, em declaração à AFP.

Naim também pediu ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que assumirá em janeiro, para "pressionar o governo israelense a interromper a agressão" em Gaza.

- Bombardeios ao sul de Beirute e em Gaza -

Uma nova série de bombardeios atingiu nesta sexta-feira os subúrbios de Beirute, informou a Agência Nacional de Informação Libanesa (Ani).

O Exército israelense declarou à noite ter realizado uma série de ataques contra alvos do Hezbollah na área, incluindo "centros de comando" do movimento pró-iraniano.

Mais de 3.440 pessoas, em sua maioria civis, morreram no Líbano desde outubro de 2023, de acordo com o Ministério da Saúde.

Também em Gaza, o Exército israelense realizou novos bombardeios, especialmente em Deir el-Balah, no centro do território palestino.

"Fui acordado pelo barulho do bombardeio às 02h30" do horário local, relatou, ainda abalado, Mohamed Baraka à AFPTV. Sua casa foi destruída no ataque, que, segundo ele, deixou "três mártires e 15 feridos".

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou que "vários palestinos deslocados" morreram "em ataques na região de Al Mawasi", no centro de Gaza.

Em 7 de outubro de 2023, militantes islamistas mataram 1.206 pessoas no sul de Israel, em sua maioria civis, e sequestraram 251, segundo um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses, que incluem reféns mortos em cativeiro.

Dos sequestrados, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, mas o Exército israelense estima que 34 estão mortos.

A ofensiva militar lançada por Israel em resposta matou pelo menos 43.764 pessoas no território palestino, em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU.

As operações militares israelenses, que mergulharam o território palestino em uma grave crise humanitária, enfraqueceram o Hamas.

Naim, membro do bureau político do Hamas, reiterou que o movimento islamista deseja alcançar "um acordo sério para troca de prisioneiros", trocando palestinos detidos por Israel pelos reféns ainda mantidos em Gaza.

A Jihad Islâmica, grupo aliado do Hamas que participou do ataque de 7 de outubro, divulgou nesta sexta-feira um vídeo no qual o refém Sasha Trupanov pede que sejam feitas pressões por sua libertação e a dos demais sequestrados.

Desde o início do conflito, houve apenas uma trégua, que permitiu a libertação de mais de 100 reféns no final de novembro de 2023.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!