Os métodos de guerra usados por Israel na Faixa de Gaza possuem "as características de um genocídio", afirmou nesta quinta-feira (14) um comitê especial da ONU encarregado de investigar as práticas israelenses.
O comitê destaca em um relatório as "perdas em massa de civis e as condições impostas aos palestinos, que colocam sua vida em perigo de forma intencional".
O texto engloba o período entre o ataque do Hamas em 7 de outubro e julho deste ano, e será apresentado na próxima segunda-feira (18) na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
"Com seu cerco à Faixa de Gaza, a obstrução da ajuda humanitária, os ataques seletivos e matando civis e trabalhadores humanitários, apesar dos apelos reiterados da ONU e evitando as ordens da Corte Internacional de Justiça e as resoluções do Conselho de Segurança, Israel está, intencionalmente, causando morte, fome e ferimentos graves" à população do território, afirma o relatório.
O comitê acusa Israel de "usar a fome como método de guerra" e de "infligir uma punição coletiva à população palestina".“Isso é algo de que absolutamente discordamos”, reagiu o Departamento de Estado americano. “Acreditamos que esse tipo de frase e acusação seja, certamente, infundado."
Um relatório apoiado pela ONU e divulgado no último fim de semana alerta que o norte de Gaza está ameaçado por um cenário de fome iminente. Em fevereiro deste ano, as forças israelenses usaram mais de 25.000 toneladas de explosivos em toda a Faixa de Gaza, "o equivalente a duas bombas nucleares", indica o relatório, que parece aludir ao impacto da bomba lançada pelos Estados Unidos em Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial.
A guerra na Faixa de Gaza começou em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamitas mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel e sequestraram 251, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
Dos 251 capturados, quase 100 permanecem em cativeiro no território palestino, mas 34 foram declarados mortos pelo Exército.
A campanha militar israelense de retaliação deixou mais de 43.700 mortos em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.