A Coreia do Norte lançou nesta quinta-feira (31) um potente míssil com o objetivo de reforçar sua capacidade de dissuasão nuclear, o primeiro teste de arma desde que Pyongyang foi acusada de enviar soldados à Rússia.
Seul advertiu esta semana que Pyongyang estava se preparando para testar um míssil balístico intercontinental (ICBM) ou, inclusive, para efetuar um teste nuclear antes das eleições americanas da próxima semana.
O míssil foi lançado depois que os Estados Unidos e a Coreia do Sul acusaram Pyongyang de enviar 10.000 soldados para a Rússia, no contexto do conflito na Ucrânia, e exigiram que a Coreia do Norte repatrie suas tropas.
O Estado-Maior Conjunto (EMC) sul-coreano informou que detectou "um lançamento de míssil balístico da área de Pyongyang para o Mar do Leste (Mar do Japão) aproximadamente às 7H10 de hoje" (19H10 de Brasília de quarta-feira).
Os militares sul-coreanos indicaram que é possível que Pyongyang tenha "testado um novo míssil balístico de longo alcance de propulsão sólida" e estimou que o projétil voou quase 1.000 quilômetros com uma trajetória ascendente.
O desenvolvimento de mísseis avançados de combustível sólido, que são mais rápidos de lançar e mais difíceis de detectar e destruir, é um objetivo almejado há muito tempo pelo líder norte-coreano Kim Jong Un.
Kim compareceu ao lançamento, que foi descrito como "crucial" pela agência oficial de notícias KCNA.
"O lançamento de teste é uma ação militar apropriada que cumpre plenamente o objetivo de informar aos rivais (...) do que será nossa resposta", declarou Kim, segundo a KCNA.
O teste "atualizou os registros recentes da capacidade de mísseis estratégicos" da Coreia do Norte, acrescentou o dirigente, que prometeu que seu país "nunca mudará sua estratégia de reforçar suas forças nucleares".
A Coreia do Norte costuma lançar seus mísseis de longo alcance e mais potentes com uma trajetória ascendente, para evitar que sobrevoem os países vizinhos.
Os mísseis de combustível sólido são propulsados graças a uma mistura química introduzida na estrutura no momento da sua construção e, portanto, são como um projétil pronto para ser lançado.
Em contrapartida, os mísseis de combustível líquido precisam normalmente de combustível e de um oxidante antes do lançamento, um processo mais lento e complicado.
- "Desviar a atenção" -
O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul indicou que o Exército "aumentou o nível de alerta e compartilha informações sobre os mísseis balísticos norte-coreanos com as autoridades dos Estados Unidos e do Japão".
O governo dos Estados Unidos condenou o que chamou de "violação flagrante" das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
"Exortamos todos os países a condenar estas violações e pedimos à RPDC (República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte) que cesse as suas ações desestabilizadoras e inicie um diálogo sério", declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean Savett.
O ministro da Defesa do Japão, Gen Nakatani, informou que o projétil lançado foi um "míssil balístico intercontinental" e que o voo foi mais longo do que outras armas lançadas anteriormente por Pyongyang.
"Foi o tempo de voo mais longo para qualquer míssil até hoje", declarou o ministro japonês.
Ele destacou que o projétil percorreu quase 1.000 quilômetros a atingiu uma altura máxima de 7.000 km.
O míssil desta quinta-feira "parece ter sido lançado para desviar a atenção das críticas internacionais ao envio de tropas" para a Rússia, disse à AFP Yang Moo-jin, da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul.