Apoiadores da vice-presidente Kamala Harris, incluindo porto-riquenhos, protestaram perto de um comício de Donald Trump em Allentown, uma cidade na Pensilvânia
SAMUEL CORUM
Apoiadores da vice-presidente Kamala Harris, incluindo porto-riquenhos, protestaram perto de um comício de Donald Trump em Allentown, uma cidade na Pensilvânia
SAMUEL CORUM

Os slogans eleitorais de terça-feira em Allentown, uma cidade de maioria hispânica no decisivo estado da Pensilvânia, vieram de um pequeno, mas apaixonado, grupo de manifestantes do lado de fora de um comício de campanha de Donald Trump: "Os imigrantes tornam os Estados Unidos grandes!".

O slogan – uma brincadeira com o slogan do candidato republicano "Make America Great Again" (Torne os Estados Unidos Grandes de Novo) – junto com gritos de "Trump, fora!" refletem a indignação crescente entre os latinos, especialmente os de Porto Rico, depois que um comediante chamou este Estado Livre Associado de "lixo" em um evento do magnata no fim de semana.

"Os latinos estão muito chateados com isso", disse à AFP Ivet Figueroa, 60 anos, funcionária de um escritório e criada na classe trabalhadora de Allentown por pais porto-riquenhos, enquanto cerca de 50 manifestantes se reuniam perto da longa fila de apoiadores de Trump esperando para entrar no estádio.

"Somos cidadãos e ele se refere a nós dessa forma? Como ousa!", acrescentou.

As declarações chocantes no comício de domingo no Madison Square Garden do comediante Tony Hinchcliffe, que chamou Porto Rico de "ilha flutuante de lixo", repercutiram no cenário eleitoral uma semana antes das eleições de 5 de novembro.

Na disputa acirrada, o estado mais disputado de todos é um "cara ou coroa", de acordo com as pesquisas. Uma mudança de alguns milhares de votos poderia fazer pender a balança da Pensilvânia para Trump ou sua rival democrata, Kamala Harris.

Por isso o discurso do humorista foi ainda mais surpreendente.

Mobilizou os porto-riquenhos, não os que estão na ilha, que não podem votar nas eleições presidenciais, mas os mais de um milhão de "boricuas" que residem nos 50 estados do país, especialmente nos sete que provavelmente determinarão o resultado.

- "Mudando de opinião" -

A Pensilvânia abriga mais de 400 mil porto-riquenhos e os ativistas de campanhas pró-voto já disseram ver evidências de que a controvérsia está virando os latinos contra o magnata republicano.

"Ouvimos pessoas que estão mudando de ideia, que são republicanas e agora, por causa disso, vão votar em Kamala", disse Armando Jiménez, vice-diretor da organização 'Make the Road Action Pennsylvania'.

Embora não tenha sido massiva, a manifestação de terça-feira – com apoiadores de Trump ocasionalmente tentando gritar com os participantes enquanto eles caminhavam para o local – destacou a potencial influência de um grupo demográfico de eleitores subestimados.

"Somos o bloco de eleitores que mais cresce em todo o país, por isso qualquer coisa pode realmente influenciar as eleições se continuarmos sendo atacados", considerou Jiménez.

Para a porto-riquenha Michelle Fernández, uma devota apoiadora de Trump que esperava na fila do comício, as declarações do comediante não passaram de palavras vazias.

"Isso não me incomodou", disse à AFP esta mulher de 54 anos com o marido, ambos segurando cartazes que diziam "boricuas com Trump", dando a desculpa de que o comentário "não saiu da boca" do líder republicano.

Enquanto o escândalo sobre as declarações continuava, os aliados de Trump aqueceram o público do estádio antes da chegada da atração principal. Entre eles estavam porto-riquenhos como Tim Ramos, ex-candidato a prefeito de Allentown.

O atual prefeito, o democrata Matthew Tuerk, participou do protesto, desabafando sobre o comentário "lixo" de Hinchcliffe. "É um insulto ao povo de Allentown!", disse ele a dezenas de manifestantes.

Perto dali, um homem solitário segurava outra placa: "Torne o racismo vergonhoso de novo".

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