Um soldado ucraniano da 33ª brigada mecanizada fuma à noite, antes de embarcar em um veículo blindado americano M113 rumo ao front, em 14 de outubro de 2024, perto de Kurakhove (leste)
Roman PILIPEY
Um soldado ucraniano da 33ª brigada mecanizada fuma à noite, antes de embarcar em um veículo blindado americano M113 rumo ao front, em 14 de outubro de 2024, perto de Kurakhove (leste)
Roman PILIPEY

A Ucrânia anunciou, nesta terça-feira (29), uma campanha de mobilização para recompor as fileiras de suas forças armadas diante do avanço das tropas russas, que tomaram uma nova localidade no leste, e da chegada, segundo os Estados Unidos, dos primeiros soldados norte-coreanos.

A Rússia tem avançado rapidamente na província oriental de Donetsk e afirmou ter capturado "totalmente" Selydove, uma localidade que tinha cerca de 20.000 habitantes antes da ofensiva russa iniciada em fevereiro de 2022.

Aumenta a preocupação de Kiev e do Ocidente com a cooperação militar entre Coreia do Norte e Rússia, e tanto o Kremlin quanto Pyongyang não negam a presença de soldados norte-coreanos em território russo.

O Pentágono indicou que um "pequeno número" de tropas da Coreia do Norte foi deslocado para Kursk, província russa na fronteira com a Ucrânia, parcialmente controlada pelas forças de Kiev.

Seu porta-voz, o general Pat Ryder, disse que os Estados Unidos tinham informações sobre "alguns milhares [de tropas norte-coreanas] que estão quase lá ou chegarão de forma iminente".

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, conversou na terça-feira com seu homólogo sul-coreano e ambos concordaram em aumentar a cooperação.

A Ucrânia tem sofrido nos últimos meses uma crescente escassez de efetivos e está imersa em um impopular debate sobre como reforçar as fileiras militares.

O secretário-geral do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Oleksandr Lytvynenko, declarou ao Parlamento nesta terça-feira que o Exército planeja mobilizar outras 160 mil pessoas. Uma fonte informou à AFP que o recrutamento será organizado nos próximos três meses.

- Avanço russo recorde -

Moscou afirmou ter tomado o controle das localidades de Bogoyavlenka, Hirnyk e Katerynivka, também na província de Donetsk.

As capturas anunciadas nesta terça-feira são as últimas de uma série de avanços das forças russas, que ganharam impulso desde fevereiro com o colapso das defesas ucranianas na cidade de Avdiivka.

Desde o início de outubro, o Exército russo conquistou 478 km² na Ucrânia, seu maior avanço em um mês desde março de 2022, segundo uma análise da AFP baseada em dados do Instituto para o Estudo da Guerra dos Estados Unidos (ISW, na sigla em inglês).

Dois terços desses avanços, ou 324 km², ocorreram na província de Donetsk.

Zelensky afirmou ter falado sobre o destacamento de tropas norte-coreanas com o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol.

Ambos os países, junto com líderes da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e dos Estados Unidos, estão em alerta pelo envio de cerca de 10.000 soldados norte-coreanos para a Rússia.

"A conclusão é clara: esta guerra está se internacionalizando, se estendendo para além de dois países", declarou o líder ucraniano a seu homólogo sul-coreano, segundo uma leitura da chamada divulgada por Kiev.

Yoon afirmou que o envolvimento de tropas norte-coreanas no conflito ucraniano é uma "importante ameaça" e advertiu sobre a possível transferência de tecnologia militar sensível e experiência em combate de Moscou para Pyongyang.

A Ucrânia receberá em breve uma delegação da Coreia do Sul para discutir a escalada, declarou um alto funcionário da presidência ucraniana.

Outra sinalização do proximidade entre Rússia e Coreia do Norte é a visita a Moscou, nesta semana, da ministra de Relações Exteriores norte-coreana, Choe Son Hui, reportada nesta terça-feira pela agência oficial do país asiático, KCNA.

- Ataques mortais -

Zelensky visitou nesta terça-feira a Islândia para reunir seus aliados em torno de seu "plano para a vitória". Lá, conversou com os chefes de governo de Dinamarca, Noruega, Finlândia e Suécia, além da própria Islândia, que prometeram continuar dando apoio à Ucrânia.

Novos bombardeios russos mataram quatro pessoas na segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, anunciou seu prefeito, Ihor Terekhov.

Devido ao ataque, "duas casas foram destruídas e outras 20 sofreram danos de diferentes graus", informou.

Outros bombardeios russos também mataram duas pessoas em Kherson e uma em Odessa, ambas no sul da Ucrânia.

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