Simpatizantes do partido no poder, Sonho Georgiano, levam bandeiras após pesquisas anunciarem sua vitória nas eleições legislativas, em Tiblissi, em 26 de outubro de 2024
Giorgi ARJEVANIDZE
Simpatizantes do partido no poder, Sonho Georgiano, levam bandeiras após pesquisas anunciarem sua vitória nas eleições legislativas, em Tiblissi, em 26 de outubro de 2024
Giorgi ARJEVANIDZE

O partido no poder na Geórgia, que ganhou as últimas legislativas, afirmou, nesta segunda-feira (28) que integrar a União Europeia segue sendo sua "prioridade", antes de uma manifestação convocada pela oposição pró-ocidental, que o acusa de guinada autoritária pró-russa.

O Sonho Georgiano, no poder desde 2012, obteve 53,92% dos votos, segundo os resultados quase definitivos das eleições realizadas no sábado. A coalizão opositora, no entanto, obteve 37,78% dos votos e não reconheceu a derrota.

A presidente pró-europeia desse país do Cáucaso, Salome Zurabishvili, denunciou uma "operação russa" e convocou manifestações nesta segunda-feira na ex-república soviética, de quatro milhões de habitantes.

Moscou, que compartilha fronteiras com a Geórgia e instalou bases militares em duas regiões separatistas do país após uma breve guerra em 2008, rechaçou "firmemente" as acusações.

Há meses, a oposição acusa o partido no governo, liderado pelo bilionário Bidzina Ivanichvili, de distanciar o país da União Europeia (UE) e colocá-lo sob a órbita russa.

A adesão da Geórgia à UE e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está consagrada na Constituição. O temor de que o Sonho Georgiano atrapalhe esse objetivo desencadeou protestos maciços nas últimas semanas.

O país agora está imerso na incerteza, depois que tanto a UE como os EUA denunciaram "irregularidades" nas eleições. Nesta segunda, a Alemanha também condenou as "significativa irregularidades" registradas nas eleições e pediu uma investigação.

- "Manifestações maciças" -

O primeiro-ministro húngaro, o único líder de um Estado-membro da UE que permanece próximo a Moscou, é um dos poucos que reagiu ao resultado das eleições, parabenizando o Sonho Georgiano por sua "esmagadora vitória".

Viktor Orban, cujo país assumiu a presidência semestral do bloco, viajará nesta segunda à Geórgia e permanecerá no país até terça-feira. Mas sua visita provocou a irritação de Bruxelas.

O dirigente húngaro "não representa a União Europeia", denunciou o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell.

Em uma tentativa de apaziguar a polêmica, o primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobajidze, insistiu que a "principal prioridade" de Tiblissi em "política externa" é "a integração europeia".

"Será feito todo o possível para que a Geórgia esteja plenamente integrada à UE até 2030", prometeu, antes de acrescentar que espera retomar "as relações" com Bruxelas.

Nos últimos meses, o país manteve tensas relações com a UE, sobretudo depois que o Parlamento aprovou em maio uma lei sobre a "influência estrangeira" similar à que a Rússia usa para silenciar a sociedade civil.

O ex-presidente preso Mikheil Saakashvili, rivak de Ivanichvili, também convocou "manifestações maciças" nesta segunda, para "mostrar ao mundo que lutamos pela liberdade".

Apesar de tudo, o "Sonho Georgiano conserva uma sólida base de apoio jogando eficazmente com o temor de uma ameaça iminente de guerra" com a Rússia, declarou à AFP o analista político Ghia Nodia.

A ex-república soviética, às margens do Mar Negro, ainda está muito marcada pela invasão russa em uma breve guerra em 2008 e pela ameaça de uma nova invasão, como a da Ucrânia.

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